segunda-feira, 2 de novembro de 2015


O livro de Eclesiastes e o mundo pós-moderno

Por Denis Monteiro

Quase todo mundo diz que já vivemos na pós-modernidade. E o que seria essa pós-modernidade? Para Gene Edward, a pós-modernidade é tentar “reordenar  o pensamento e a cultura numa base inteiramente diferente, aceitando a realidade como construção social e evitando completamente o “discurso totalizante”[1], ou seja, é uma visão que permeia toda a cultura, influenciando todas as áreas da vida, exemplo, o hedonismo (por causa do hedonismo, entendo eu, surge o permissivismo), relativismo e o niilismo[2]. E o que essas visões têm em comum? Bom, se o prazer da vida é me satisfazer, não crendo que nada pode ser absoluto e que nada tem sentido nesta vida, comamos e bebamos que amanhã morreremos (1Co 15.32).
Mas, qual é a ligação entre o livro de Eclesiastes e esses pensamentos?
O livro de Eclesiastes repete em média 37 a 39 vezes (depende da tradução) a palavra “vaidade”. E todas as vezes que escutamos a palavra “vaidade”, nos lembramos de pessoas que são cuidadosas, que cortam o cabelo com certo estilo, mulheres que usam maquiagem e tentam a todo custo preservar sua beleza. Ou seja, chamamos essas pessoas de “vaidosas”. Mas será que “vaidade” significa isso mesmo? O que diz o livro de Eclesiastes?
A palavra “vaidade” no livro de Eclesiastes tem pelo menos três significados: 1) Sem valor, vazio; 2) passageiro, transitório; 3) enigmático, de difícil entendimento.[3] Enquanto o pós-modernismo busca sentido para seus prazeres e ao mesmo tempo não define o sentido do “porquê”, visto que a verdade é relativa, Eclesiastes mostra que debaixo do sol tudo é vaidade.
Como já foram definidos acima os significados de “vaidade”, vamos ver qual a resposta de Salomão à esse pensamento.
Eclesiastes e o hedonismo
Eclesiastes 2.11: “Contudo, quando avaliei tudo o que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há qualquer proveito no que se faz debaixo do sol” (NVI).
Eclesiastes 2.23: “Porque todos os seus dias são dores, e a sua ocupação é aflição; até de noite não descansa o seu coração; também isto é vaidade”. (AC)
O pregador não está condenando o trabalho em si, mas o trabalho como uma forma de satisfazer, é inútil. Nos Estados Unidos surgiu uma expressão para o viciado em trabalho: Workaholic. Um workaholic não é somente uma pessoa viciada em trabalho, mas é uma pessoa que busca ser competitivo, chegando ao ponto de provar algo a ele mesmo ou a alguém. E como todo vício é prejudicial à saúde, o viciado em trabalho não foge à regra. Mas, se não bastasse estragar a sua saúde, o viciado em trabalho prejudica a sua família e acima de tudo, quando se trata de um crente, isso afeta o seu relacionamento com Deus. Pois, um viciado em trabalho não mede esforços para fazer qualquer coisa para ser reconhecido, sendo possível até mesmo pisar em alguém, se esquecendo que devemos amar uns aos outros. E se esse relacionamento social está se arruinando, é porque o relacionamento com Deus está indo ou já foi para o mesmo caminho.
Não obstante, há outro termo que já está sendo sucesso no Brasil por causa de alguns comerciais de certos produtos, é chamado de Life a Holic, que em uma tradução “mais do que livre”, significa o viciado em viver a vida intensamente. E o ‘viver a vida intensamente’ é fazer tudo que vem a mão fazer como se fosse o último dia de sua vida, pois não se sabe o que vem depois. Portanto, além do hedonismo envolto nessas concepções de vida, existe também o permissivismo, que permite alguns tipos de comportamento ético e moral a todo instante.


Logo, toda busca pelo prazer pessoal, o sucesso e a realização profissional neste mundo como um fim em si mesmo é vaidade, não tem valor algum. Isso não é ser um desmancha prazer, mas é ser realista sobre tudo quanto acontece debaixo do sol.
Eclesiastes e o niilismo
Bom, se tudo é vaidade, não tem sentido, é breve ou passageiro, logo, o niilismo está certo e Salomão corrobora com isso, certo? De modo nenhum! Mesmo quando o pregador escreve “por mais que se esforce para descobrir o sentido das coisas, o homem não o encontrará” (Ec 8.17), ele não quer dizer que nada tem sentido, mas mesmo que eu me esforce ao máximo eu não conseguirei saber plenamente o que Deus está fazendo. Confessar a ignorância é o primeiro passo para o verdadeiro conhecimento (1Co 8.2).
Se a sensação do momento é viver a vida intensamente, o pregador nos mostra como devemos viver essa vida nos versos de 1-6 do capitulo 11: Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás (vs.1).
De forma inteligente a pessoa que vive debaixo do sol deve ter uma vida de fé. O capítulo 11 de Eclesiastes não mostra em nenhum momento a palavra “fé”, mas a ideia por detrás das palavras do pregador pode ser definida assim.
Não se sabe ao certo qual interpretação se encaixa neste texto, se é uma linguagem de comércios marítimos ou se é uma referência ao plantio de sementes sobre uma superfície com algum tipo de fluxo de água. Mas o que podemos ver nas duas interpretações é que todos os trabalhos devem ser feitos com esforço, como diz Derek Kidner, também pode ser um incentivo à ação, pois, se há riscos por toda parte, é melhor falhar sendo arrojado do que agarrando os recursos e guardando-os para nós mesmos[4]. Portanto, a nossa pequenez diante do conhecimento e das obras de Deus não eximem a nossa responsabilidade, mas nos incentiva a fazer com empenho, pois sabemos quem controla todas as coisas e fez todas as coisas, é Deus. Portanto, viver a vida intensamente para um cristão, é viver intensamente para Deus, mesmo quando não conseguimos entender as obras de Deus, mas confiando inteiramente no Deus que criou e controla todas as coisas.
Eclesiastes e o relativismo
Eclesiastes 11.9,10 “Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas saiba que por todas essas coisas Deus o trará a julgamento. Afaste do coração a ansiedade e acabe com o sofrimento do seu corpo, pois a juventude e o vigor são passageiros”.
Se o pregador mostra o contrário do hedonismo e do niilismo, com o foco do esforço crendo no Deus soberano e criador de todas as coisas, mostra também que a verdadeira felicidade ou como curtir a vida de verdade, quando diz “siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar” não quer dizer faça o que vem a mente e aproveite tudo que der para você fazer, mas esse coração deve se lembrar de que Deus trará juízo de todas as nossas obras, logo, tendo em vista o julgamento de Deus, todas as nossas obras devem glorificar a Deus. Isso implica que nossas obras e nossa alegria devem ser feitas segundo a vontade de Deus, isso quebra qualquer relativismo, pois a vontade de Deus é verdade absoluta. Mas também todo e qualquer tipo de niilismo é posto abaixo pelo pregador, pois se não há significado nos “porquês da vida”, o pregador de forma intrínseca, mostra que o significado do “porquê devo viver”,  é viver para Deus e com Deus.
Não obstante, se a vontade de Deus deve guiar o nosso viver e não as preocupações da vida presente debaixo do sol, muito menos trabalhar ou viver como se não houvesse ninguém ou nada.
Eclesiastes 12.13,14 Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: “Tema a Deus e guarde os seus mandamentos, pois isso é o essencial para o homem. Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mal.”
O pregador volta ao tema do capítulo 11, o fato de Deus trazer o julgamento. Mas agora ele mostra o verdadeiro sentido da vida, anulando todo e qualquer tipo de niilismo, hedonismo e/ou relativismo. Desde o verso primeiro do capítulo 12, o pregador mostra uma vida em fase de transição desde a juventude, quando tudo é festa e vigor, com a velhice e a morte se aproximando e volte ao pó, sendo tudo isso vaidade. Mas, por que é vaidade viver a vida desde a nossa juventude até a nossa velhice? A vaidade é compreendida a partir do momento que entendemos que tudo quanto há debaixo do sol é transitório e que na morte nós voltamos para Deus e tornamos ao pó. Com a revelação do Novo Testamento podemos entender claramente como viver debaixo do sol com a mente no céu: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.1,2).
Uma vida regenerada é uma vida que busca temer a Deus guardando seus mandamentos, e é este o amor de Deus, porque seus mandamentos não são penosos (1 Jo 5.3). E se entendermos que devemos temer a Deus, este Deus está em todos os lugares e, se devemos temê-lo é porque há ordenanças que Ele nos passou. Sendo assim, toda a nossa alegria deve ser em Deus e a nossa verdade deve ser a verdade de Deus.
Conclusão
Apesar do livro de Eclesiastes ter certas passagens de difícil interpretação, ele continua sendo inspirado por Deus, sendo um verdadeiro manual para entendermos a vida debaixo do sol. Enquanto estamos neste mundo devemos viver uma vida relacionável com o próximo, mas nunca nos esquecendo de que a verdadeira comunhão que temos é com Deus. Também devemos viver uma vida alegre, pois a Bíblia diz que devemos ser alegres, começando por nossa salvação. Mas a nossa alegria deve ser primeiramente em Deus e por seus feitos em nossas vidas, e não uma alegria em mim mesmo como o fim de todas as coisas. E se a nossa vida deve ser centrada em Deus, logo, já temos um propósito para as nossas vidas e a verdade de Deus deve ser absoluta em nós e para nós.
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Notas:
[1] VEITH, Gene Edward, Jr. Tempos pós-modernos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999. p. 37
[2] O niilismo é um conceito filosófico que valoriza e propaga que a vida não tem sentido e que os “porquês” da vida não tem nenhuma finalidade.
[3] NET Notes. Disponível em: <https://net.bible.org/#!bible/Ecclesiastes+1> Acesso em: 21/04/15
[4] KIDNER, Derek. A Bíblia fala hoje – A mensagem de Eclesiastes. São Paulo: ABU Editora, 1989. p. 49


Fonte: www.napec.org     /   Apologética  cristã

sábado, 8 de março de 2014

David Martyn Lloyd-Jones-Um Gladiador Contra a Mundanização da Igreja


David Martyn Lloyd-Jones (1899 -1981) foi um teólogo protestante de origem galesa que foi influente na ala reformada do movimento evangélico britânico no século 20. Por quase 30 anos, ele foi o ministro da Capela de Westminster, em Londres. Lloyd-Jones era um forte opositor da teologia liberal (igreja Emergente) que se tornou uma parte de muitas denominações cristãs, considerando-a como uma aberração. Ele discordou da abordagem ampla(no sentido de adaptar-se ao mundo) da Igreja e incentivou os cristãos evangélicos (especialmente anglicanos) a deixarem suas denominações existentes, considerando que a comunhão cristã verdadeira só é possível entre aqueles que partilharam convicções comuns sobre a natureza bíblica da fé. Lloyd-Jones é considerado um dos maiores pregadores protestantes do século XX.

Início
Lloyd-Jones nasceu em Cardiff e foi criado em Llangeitho, Ceredigion. Llangeitho está associado com o renascimento metodista galês, como era o local do ministério de Daniel Rowland. Frequentou uma escola de gramática Londrina entre 1914 e 1917 e, em seguida, o Hospital St. Bartholomew’s como um estudante de medicina. Em 1921 começou a trabalhar como assistente do médico da família real inglesa, Sir Thomas Horder. Ele vislumbrava um futuro brilhante e lucrativo como um destacado médico. Então, algo aconteceu. Lentamente, depois de uma profunda luta, sua mente e seu coração foram tomados pelo evangelho cristão. Ele compreendeu que muitos dos seus pacientes precisavam algo mais do que medicina comum e ele se entregou ao ministério cristão. Depois de lutar durante dois anos sobre se o que sentiu foi um chamado para pregar, em 1927, Lloyd-Jones voltou ao País de Gales, tendo casado com Bethan Phillips, aceitando um convite para ministrar em uma igreja em Aberavon (port talbot).
Capela de Westminster

Depois de uma década, ministrando em Aberavon, em 1939 ele voltou para Londres, onde tinha sido nomeado como pastor adjunto da Capela de Westminster, Londres, trabalhando ao lado de G. Campbell Morgan. O dia antes de ele ser oficializado para ser aceito em sua nova posição, estourou a II Guerra Mundial na Europa. No começo da guerra o Dr. Lloyd-Jones tinha se tornado presidente das Uniões Evangélicas de Comunhão Universitária e estava profundamente envolvido em aconselhar e guiar seu fundador e secretário geral, Dr. Douglas Johnson. Juntos reuniram-se com os líderes dos movimentos em outros países e formaram a Comunidade Internacional dos Estudantes Evangélicos (aqui no Brasil conhecida como ABU).  Em 1943, Morgan aposentou-se, deixando Jones como único Pastor da Capela de Westminster.

Lloyd-Jones era bem conhecido por seu estilo expositivo da pregação, e nas manhãs de domingo e nas reuniões à noite em que ele oficializava, atraiu multidões de pessoas, como fez nas sextas-feiras à noite nos estudos bíblicos, que eram, na verdade sermões. Em seu estilo, Lloyd-Jones levava meses, até anos, para expor um capítulo da Bíblia versículo por versículo. Seus sermões costumava ser em torno de cinqüenta minutos a uma hora de duração, atraindo muitos estudantes de universidades e faculdades em Londres. Seus sermões também eram transcritos e impressos (quase literalmente) no registro de Westminster semanais, o que foi lido avidamente por aqueles que apreciaram a sua pregação.

A Controvérsia Evangélica
Lloyd-Jones provocou grande controvérsia em 1966, quando na Assembléia Nacional de Evangélicos, organizada pela Aliança Evangélica, ele apelou a todos os pastores de convicção para deixar as denominações evangélicas que continha congregações liberais e neo-evangélicas. Essa afirmação causou um grande mau estar aos evangélicos dentro da Igreja da Inglaterra. Como uma figura significativa para muitas das igrejas de fora das grandes denominações, Lloyd-Jones tinha a esperança de incentivar os cristãos com profunda crença bíblica a se retirarem de todas as igrejas onde se apresentassem visões alternativas da bíblia.

No entanto, Lloyd-Jones foi criticada pelo líder evangélico anglicano John Stott. Embora Stott não fora programado para falar, ele usou sua posição como presidente da reunião e repreendeu publicamente Lloyd-Jones. Este conflito aberto entre os dois estadistas mais velhos da igreja evangélica britânica foi amplamente noticiado na imprensa cristã e causou polêmica considerável. No ano seguinte, foi realizado o primeiro Congresso Nacional Evangélico da Igreja Anglicana. Nesta conferência, em grande parte devido à influência de Stott, anglicanos evangélicos se comprometeram a plena participação na Igreja da Inglaterra, rejeitando a abordagem separacionista proposta por Lloyd-Jones. Essas duas conferências efetivamente criaram uma divisão na direção de grande parte da comunidade britânica evangélica. Sem dúvida, os dois grupos adotaram posições diametralmente opostas. Essas posições resultantes da cisão continuam praticamente inalteradas até hoje. [ O futuro iria provar que Lloyd-Jones estava correto. A igreja anglicana inexplicavelmente em 2008 pediu publicamente desculpas a Chales Darvin por reconhecer que ele estava correto, e aqui no Brasil participa da para-gay de São Paulo].

Lloyd-Jones se aposentou do seu ministério na Capela de Westminster, em 1968, na seqüência de uma operação. Ele falou de uma crença de que Deus lhe impediu de continuar a pregar sobre um texto da Carta aos Romanos que se refere a alegria do Espírito Santo, porque ele não conhecia suficientemente sobre a “alegria no Espírito Santo”, baseado em Romanos 14:17. No resto de sua vida, ele concentrou-se na edição de seus sermões para serem publicados, no aconselhamento a pastores, na resposta de várias cartas e em conferências. Talvez sua obra mais famosa é uma série de 14 volumes de comentários sobre a Epístola aos Romanos.

Apesar de passar a maior parte de sua vida vivendo e ministrando na Inglaterra, Lloyd-Jones estava orgulhoso de suas raízes do País de Gales. Que melhor expressa sua preocupação com seu país de origem através do seu apoio ao movimento evangélico do País de Gales. Ele era orador regular em suas conferências, pregando em Inglês e galês. Desde sua morte, o movimento tem publicado vários livros, em Inglês e galês, reunindo seleções de seus sermões e artigos.
Lloyd-Jones pregou pela última vez em 8 de Junho de 1980, na capela Batista de Barcombe. Depois de uma vida de trabalho, ele morreu tranqüilamente em seu sono em Ealing, em 1 de Março de 1981. Ele foi enterrado no Newcastle Emlyn, perto de Cardigan, no oeste do País de Gales.

Movimento Pentecostal
Martyn Lloyd-Jones tem muitos admiradores de diferentes denominações da Igreja Cristã de hoje em dia. Um aspecto muito discutido do seu legado é a sua relação com o movimento pentecostal. Respeitado por líderes de várias igrejas associadas a este movimento, embora não diretamente associado a eles, ele ensinou o batismo com o Espírito Santo como uma experiência distinta, além da conversão e regeneração do Espírito Santo. Parte do esforço de Lloyd-Jones para conscientizar os cristãos da necessidade do batismo com o Espírito Santo era devido à sua crença de que este garante um profundo amor de Deus para o cristão, e assim permite-lhe corajosamente testemunhar Cristo para um mundo incrédulo.

Pregação
Lloyd-Jones raramente concordou em pregar ao vivo pela televisão, (o número exato de vezes não é conhecido, mas provavelmente foi apenas uma ou duas vezes). Seu raciocínio por trás dessa decisão foi a de que este tipo de pregação era “controlada”, isto é, por questões de programação ela era limitada pelo tempo”. Jones afirmava que isso limitava  a liberdade do Espírito.” Em outras palavras, ele acreditava que o pregador deve ser livre para seguir a liderança do Espírito Santo sobre a duração do tempo em que ele está autorizado a pregar. Ele registrou que uma vez perguntou a um executivo de televisão que queria que ele pregasse na televisão, “O que aconteceria com os seus programas, se o Espírito Santo, de repente descesse sobre o pregador e o possuísse, o que aconteceria com o resto dos seus programas?”

Talvez o maior aspecto do legado de Lloyd-Jones tenha a ver com sua pregação. Lloyd-Jones foi um dos pregadores mais influentes do século XX. Muitos volumes dos seus sermões foram publicados pela Banner of Truth, bem como outras editoras. Em seu livro, Pregação e Pregadores (Zondervan, 1971), Lloyd-Jones descreve a sua opinião sobre a pregação, ou o que poderia ser chamado de sua doutrina de homilética. Neste livro, ele define a pregação como “Lógica em fogo.” O significado desta definição é demonstrada ao longo do livro, no qual ele descreve o seu estilo próprio de pregação que tinha desenvolvido durante seus muitos anos de ministério.

Seu estilo de pregação pode ser resumido como “lógica em fogo ‘por várias razões. Primeiro, ele acreditava que o uso da lógica era vital para o pregador. Mas seu ponto de vista da lógica não era a mesma que a do Iluminismo. É por isso que ele chamou de “lógica em fogo.” O fogo tem a ver com a atividade e o poder do Espírito Santo. Portanto, ele acreditava que a pregação deveria ser uma demonstração lógica da verdade de uma determinada passagem da Escritura com a ajuda, ou unção do Espírito Santo. Essa visão se manifesta na forma de seus sermõe. Jones acreditava que a verdadeira pregação sempre foira expositiva. Isso significa que ele acreditava que o principal objetivo do sermão era revelar e ampliar o ensino primário da passagem sob consideração. Uma vez que o ensino primário foi revelado, ele teria então logicamente que expandir esse tema, demonstrando que era uma doutrina bíblica, mostrando que era ensinado em outras passagens da Bíblia, e usando a lógica, a fim de demonstrar a sua utilidade prática como uma  necessidade para o ouvinte. Desenvolvendo esse tema, ele trabalhou em seu livro “Pregação e Pregadores”, exigindo cautela aos pregadores jovens contra o que ele considerava um perigo: O “comentário”, o estilo de pregação, bem como a tentativa de adaptações da bíblia ao tempo moderno.
Jones aplicava uma habilidosa diagnose clínica, analisando a perspectiva mundana, mostrando sua futilidade ao tratar do poder e da persistência do mal, e contrastando-a com a perspectiva cristã, sua lógica, seu realismo e seu poder. Ele tinha a habilidade de vestir sua análise clínica com uma linguagem viva e convincente, de tal maneira que ela ficava grudada na mente. Ele poderia falar duramente sobre as tolices do mundo e dar uma visão contrastante da sabedoria e do poder de Deus de uma tal maneira que provocava uma forte reação por parte da sua audiência. As pessoas se retiravam determinadas a nunca mais voltar; contudo, apesar de si mesmas, elas voltavam para os bancos no domingo seguinte até que, incapazes de continuar resistindo à mensagem, elas se tornavam cristãs.
A pregação de Lloyd-Jones se diferenciava por sua exposição no tom da bíblia em seu fogo próprio e pela paixão demonstrada em sua entrega a essa obra. Ele é assim conhecido como um pregador que continuou a tradição puritana da pregação experimental. A famosa citação sobre os efeitos da pregação Lloyd-Jones é dada pelo famoso teólogo e pregador J.I. Packer, que escreveu, “Nunca ouvi uma pregação como essa.” Ela me veio “com a força de choque elétrico, elevando para pelo menos um de seus ouvintes, mais de um sentido de Deus, do que qualquer outro homem que eu tenha ouvido”.

Lloyd-Jones também foi um ávido defensor da Biblioteca Evangélica de Londres.
Pouco depois de sua morte, um fundo de caridade chamado “Recordings Trust” foi  estabelecido para continuar o ministério de Lloyd-Jones, fazendo gravações de seus sermões e os disponibilizando. A organização tem atualmente 1.600 palestras disponíveis e também produz um programa semanal de rádio usando esse material. http://www.mlj.org.uk/mlj.nsf/INDEX?openform

Fonte: Adaptação das matérias, “Jornal Os Puritanos, Ano II – Número 2 – Abril/1993”,  via morgenismo.com e “Martyn Lloyd-Jones” do pt.wikipedia.org


quarta-feira, 5 de março de 2014

Sinais de Uma Vida Agradável a Deus


1. Vocês terão mais interesse em entender as Escrituras e em saber tanto o que agrada, quanto o que desagrada a Deus. [“Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” Salmos 119:11]
         2. Vocês terão mais interesse na realização de todos os seus deveres, com o propósito de agradar a Deus e não aos homens.[“Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus”. Efésios 6:6]
         3. Vocês olharão para seus corações e não só para suas ações; para seus fins e pensamentos; para o seu homem interior e seu nível de espiritualidade. [‘Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!’ Salmos 19:14]
         4. Vocês atentarão para seus deveres secretos, tanto quanto para os públicos e, para aqueles que não são vistos pelos homens, tanto quanto para os que são. [“Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa.” Hebreus 10:22]
         5. Vocês respeitarão suas consciências e não as desprezarão; quando elas lhe mostrarem o desagrado de Deus, isto os inquietará; quando elas lhe mostrarem Sua aprovação, isto os confortará.[“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com simplicidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo particular convosco.” 2 Coríntios 1:12]
         6. Suas companhias serão pessoas caridosas e piedosas, que buscam agradar a Deus, e não orgulhosas e ambiciosas, que buscam honra própria, nem ímpias, que desagradam a Deus. [“Não tenham por companhia pessoas que não amam ao Senhor, pois que tem o povo de Deus em comum com o povo do pecado? Como pode a luz conviver com as trevas?” II Coríntios 6:14]
         7. Se os homens são agradados ou desagradados, ou a forma com que o julgam, ou como eles o chamam, parecerá um assunto pequeno para você, como o próprio interesse deles, em comparação ao julgamento de Deus. Você não vive para eles. Você pode suportar seus desagrados , censuras, e reprovações, se tão somente agradar a Deus. Estas serão suas evidências. [“Se ainda estivesse tentando agradar aos homens, não serviria para ser servo de Cristo.” Gálatas 1:10]

Rev. Richard Baxter
                                               
Fonte: http://discernimentocristao.wordpress.com

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

MDA versos M12 e G12 tem Diferença?

Bem !, gostaria de fazer algumas umas observações quanto á esse novo modelo de discipulado (novo?) chamado de MDA (modelo de discipulado apostólico).

Não quero fazer nenhum julgamento precipitado, mas vale ressaltar que esse modelo de evangelicalismo não é novidade,na década de 90 surgiu o movimento chamado G12 ( GOVERNO DOS 12), que chegou ao Brasil por meio de Valnice, assim aderindo ao movimento o intitulado PAIPOSTOLO DO BRASIL, René Terra Nova, que mais tarde veio a se desligar do fundador césar castelhano o colombiano.

Daí surgiu o movimento chamado M12 que se chamaria o MODELO DOS 12.esse difundido pelo PAIPOSTOLO René terra nova.
com a proposta de " GANHAR, CONSOLIDAR , DISCIPULAR , E ENVIAR". Esse o slogan do M12 E G12. esse tipo de evangelicalismo tomou conta de igrejas com BATISTAS, QUADRANGULAR , e até mesmo ASSEMBLEIA DE DEUS. causou muito alvoroço, alguns chegaram a achar que erá uma nova reforma protestante no seio da igreja Brasileira. como também muita divisão nas igrejas .

 Agora nós temos  o MDA , que vem revolucionando a igreja no  Parana.“Quem viver verá”, profetiza pastor Edílson Siqueira também primeiro secretário da CIEADEP – Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Estado do Paraná. 

Quero finalizar meu comentário dizendo o seguinte. a igreja Brasileira é uma igreja sincrética,  pragmática , e não generalizando secularizada, a facilidade e aceitação é muito grande por ventos de doutrinas que  sopram as igrejas no Brasil. 

Esse sem duvidas será mais uma ventania que vem afetar a igreja brasileira.espero que não traga tantos estragos como trouxeram os movimentos M12 e G12 .que ainda hoje vemos as sequelas em ministérios. 

Em Cristo Jesus
kleber santos 


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O que é um Presbítero? É importante usar os Títulos “Presbítero” e “Diácono”?

O que é um Presbítero?
É importante usar os Títulos
“Presbítero” e “Diácono”?
 
 
O que é um Presbítero de Igreja?
  1. O Básico: Um presbítero é um homem que (i) atende às qualificações de 1Timóteo 3.1-7 e Tito 1.6-9, (ii) é reconhecido por sua congregação como um presbítero, (iii) e lidera a congregação por meio do ensino da Palavra (1Tm 3.2), da oração pelas ovelhas (Tg 5.14) e da supervisão no tocante aos assuntos da igreja (1Pe 5.2).
  2. Supervisão: Um presbítero deve velar pelo rebanho. Ele deve instruir todas as ovelhas, fortalecer as fracas, proteger as vulneráveis, repreender as obstinadas, e lidar com as trabalhosas (2Tm 2.24-25; At 20.28; 1Ts 5.14). Um presbítero vela pelos membros de sua igreja como alguém que haverá de prestar contas a Deus (Hb 13.17).
  3. Pluralidade: No Novo Testamento, as igrejas locais apresentam um padrão consistente de pluralidade de presbíteros (At 14.23, 20.17, Fp 1.1; 1Tm 5.17; Tg 5.14). Cristo, o Supremo Pastor, pretende cuidar do seu rebanho por meio de um número de homens piedosos que conjuntamente ensinam, guardam, guiam, protegem e amam as ovelhas. Isso significa que toda igreja local, seguindo a liderança do seu pastor, deveria buscar homens que já estejam realizando a obra de um presbítero e apontá-los para o ofício.
É Importante Usar os Títulos “Presbítero” e “Diácono”?
Embora os títulos “presbítero” e “diácono” não sejam essenciais ao ministério da igreja, há algumas boas razões pelas quais as igrejas deveriam usar esses títulos bíblicos:
  1. Isso demonstra que a Escritura é nossa autoridade, não a sabedoria humana. Usar os títulos escriturísticos demonstra que estamos seguindo as direções de Deus, não tomando para nós mesmos o direito de decidir como deve ser a estrutura de liderança da igreja. Deus deu à igreja uma estrutura básica que deveríamos seguir à risca. Desgarrar-se dessa estrutura, ou decidir que não precisamos chamar nossos líderes como a Escritura os chama, é dizer que nós sabemos mais do que Deus.
  2. Isso ajuda a congregação a saber o que esperar da liderança. Quando uma igreja usa os termos “presbítero” e “diácono” como a Bíblia faz, um membro de igreja pode facilmente olhar para a Escritura para ver as “atribuições do cargo”. Eles podem olhar para a Escritura e saber exatamente o que esperar dos seus líderes.
  3. Isso vincula os líderes às qualificações bíblicas. Não há qualificações bíblicas para administradores, membros de conselho, “equipes de liderança” ou outros títulos da nossa imaginação. Existem, contudo, qualificações bíblicas para presbíteros e diáconos. Usar os termos bíblicos para esses ofícios é necessário a fim de assegurar que os padrões bíblicos para a liderança da igreja estão sendo mantidos. Isso é especialmente importante no caso de presbíteros, os quais devem ser aptos a ensinar a Palavra de Deus (1Tm 3.2). Há um imenso benefício para a igreja quando aqueles que supervisionam a vida da igreja têm uma compreensão sólida da Escritura e são aptos a ensinar a Escritura. Nesse caminho, a igreja será moldada de modo consistente e prático segundo a Palavra de Deus, e não a sabedoria humana.
(A maior parte deste material foi adaptada do artigo Do We Need To Use the Titles ‘Elder’ and ‘Deacon’?, de Benjamin Merkle.
Tradução: Vinícius Silva Pimentel – Ministério Fiel © Todos os direitos reservados. Website: www.MinisterioFiel.com.br / www.VoltemosAoEvangelho.com. Original:  O que é um Presbítero? É importante usar os Títulos “Presbítero” e “Diácono”?
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.
 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Quando se Justifica sair de uma Igreja?

Quando se Justifica sair de uma Igreja?


Por: Greg Loren Durand

Introdução:
         Deus ordena em Sua Palavra que nos identifiquemos publicamente com Seu Pacto, unindo-nos à Igreja visível (institucional) (Atos 2:46-47; Efésios 4:16) e submetendo-nos àqueles presbíteros que foram colocados por Ele em posição de autoridade (Atos 20:28; Hebreus 13;17).
         É um grande pecado permanecer fora das paredes da Igreja visível, como fazem os que participam do movimento independente da “igreja Familiar” (Hebreus 10:25). Isso consiste num espírito de anarquia que contradiz a estrutura hierárquica da vida que a Bíblia estabelece para o cristão (Êxodo 20:12; 1Samuel 15:23).
         Nossa insubmissão à autoridade ordenada por Deus no Corpo de Cristo pode bem ser castigada de maneira igual à insubmissão de nossos próprios filhos à nossa autoridade (Isaías 3:4-5; Oséias 4:6).
         É frequente o caso em que Deus usa uma variação de nossos próprios pecados para julgar-nos por nossa desobediência à Sua Palavra: “Eis que o ímpio está com dores de iniquidade; concebeu a malícia e dá à luz a mentira. Abre, e aprofunda uma cova, e cai nesse mesmo poço que faz. A sua malícia recai sobre a cabeça, e sobre a própria nuca desce a sua violência.” (Salmo 7:14-16).
         Tendo dito isso, as perguntas que poderiam surgir são: Os nossos votos de membresia pública em uma igreja são irrevogáveis? Quando um cristão se une a uma igreja, ele entra de fato numa relação que, por prudência própria, não pode ser dissolvida?
Argumentos Incorretos Concernentes aos Vínculos Pactuais
         Há uma crença crescente entre muitos líderes de igreja de que os votos de membresia de um cristão junto à sua congregação local tem de ser vistos no mesmo nível do Pacto da Graça entre Deus e Seu Filho, e, através de Seu Filho, com Seus eleitos. Assim, como os eleitos estão para sempre unidos a Cristo pelos vínculos pactuais do Pai, assim também o cristão individual está ligado a sua congregação local. Segundo essa visão a saída é raramente, se é que alguma vez , uma opção.
         O problema com essa perspectiva é que intenta igualar os pactos feitos entre os homens com aquele que Deus estabeleceu entre Si mesmo e Jesus Cristo. O erro fatal nessa linha de pensamento é que embora as duas Partes do Pacto da Graça (Pai e Filho) sejam ambas eterna e infinitamente perfeitas, as partas em um pacto terreno não o são. O Pai nunca deixará de cumprir Suas promessas ao Filho, e o Filho nunca falhará em cumprir Suas obrigações para com o Pai. Sendo assim, em um pacto entre homens tal perfeição nunca pode ser alcançada. Os homens mortais, mesmo aqueles que foram regenerados pelo Espírito de Deus, são necessariamente propensos a falhar no cumprimento de suas obrigações.
         É provável que em algum momento, uma ou outra parte viole os termos do pacto, fazendo-o consequentemente nulo e inválido. Portanto, esperar um pacto infalível entre homens falíveis é demonstrar enorme ignorância sobre a natureza caída do homem.
         Outra perspectiva que está ganhando popularidade em muitos círculos cristãos é a de que os votos de membresia são tão obrigatórios como o são os votos de matrimônio. Alega-se que do mesmo como Deus odeia o divórcio, ele também odeia que alguém se separe da congregação à qual está unido.
         Mais uma vez, a superficialidade dessa posição é facilmente demonstrada. Embora as Escritura declarem em muitos lugares que um homem e uma mulher se tornam “uma só carne” (Mateus 19:6; Efésios 5:31) por meio do matrimônio, e “desse modo, o que Deus uniu, o homem não separe” (Mateus 19:6b), tal analogia é bastante forçada quando aplicada à membresia na igreja. A relação matrimonial entre o homem e sua esposa é de um para com o outro não somente no nível emocional, mas também em um nível sexual. É por essa razão que a união matrimonial não pode ser rompida, exceto em casos de adultério (Mateus 19:8) ou deserção (1Coríntios 7:15).
         Embora haja similaridades, a relação que um cristão desfruta com sua congregação local nunca alcança a intimidade da relação matrimonial, nem tem esse propósito. Além do mais, um dos propósitos primários da união do homem com sua esposa é a propagação da “descendência para Deus” (Malaquias 2:15). É responsabilidade do esposo-pai supervisionar a instrução espiritual e “terrena” de seus filhos. A igreja local é um dos meios pelos quais essa responsabilidade é cumprida. A igreja local não propaga a família; ela existe para o crescimento espiritual e o bem-estar da família.
         A Bíblia não diz nada acerca de nosso matrimônio, como Cristãos individuais, com uma congregação local, embora certamente tenha muito o que dizer sobre o matrimônio da Igreja invisível (os eleitos) com Cristo (Efésios 5:23-27; Apocalipse 21:2). Como na visão anterior, esse argumento de que a membresia da igreja se iguala com o matrimônio também sofre do mal de tentar comparar “as maças com as laranjas”.
A Importância da Renovação Pactual
         Assim, havendo estabelecido que a membresia da igreja é um pacto dissolúvel feito entre partes falíveis (o cristão individual e o pastor e os presbíteros), estaríamos declarando com isto que tal pacto pode ser feito levianamente? De maneira alguma. Embora seja evidente que um pacto é tornado nulo no mesmo instante em que seus termos são violados por uma das partes, isto não exclui uma renovação pactual entre as partes separadas.
         Dentro da igreja visível essa renovação é realizada por meio do arrependimento e perdão. É responsabilidade dos cristãos prover tempo para o arrependimento por parte do ofensor, sendo a quantidade de tempo determinada pela natureza da ofensa. Porém, a separação imediata de um irmão que errou não é algo que está de acordo com a natureza de Cristo, nem é útil para o bem-estar espiritual desse irmão (Tiago 5:19-20).
         Nosso objetivo final em qualquer desacordo é a restauração do companheirismo, ou uma renovação do pacto. Só depois de muito esforço e oração de nossa parte devemos deixar de lado a esperança de que tal renovação ocorra, abandonando-a completamente. Embora algumas vezes seja necessário tomar esse caminho (1 Coríntios 5:9-11) sempre deveríamos avaliar de antemão cuidadosamente a retidão de nossas ações, e buscar o conselho de outros irmãos piedosos na Fé (Provérbios 11:14).
         Aos presbíteros de uma igreja cristã foram dadas as “chaves do reino dos céus” (Mateus 16:19), que incluem o poder da excomunhão. Eles são comissionados por Cristo como Seus representantes para exortar o membro que pecou ao arrependimento e renovação de seu pacto com a Igreja visível. Se seus esforços resultam infrutíferos, devem retirar o nome desse irmão da membresia da igreja local e a partir desse momento considerá-lo como um descrente fora do Corpo de Cristo.
         Contudo, a escritura é bastante clara em mostrar que a excomunhão não é algo que se exerce somente contra membros da igreja que pecaram. Quando os próprios líderes de uma igreja são culpados de pecados pelos quais não se arrependeram e caíram coletivamente em apostasia, devem ser, em essência, excomungados do Corpo de Cristo pela igreja que lideram. O membro de uma tal igreja não se encontra debaixo de nenhum mandato bíblico para permanecer ali, apesar das declarações que eles façam quanto a ter autoridade sobre ele; e, de fato, DEVE sair se para permanecer fiel a Cristo (2 Coríntios 6:17; 2Timóteo 3:5; Apocalipse 18:4).
         Tal foi a posição dos Reformadores do século dezesseis, que não permaneceram dentro da igreja Católica Romana, embora buscando durante muitos anos de esforço reformá-la, ao fim, sem exceção, deixaram-na por ser a “aparência de Babilônia em lugar da santa cidade de Deus”. [1] Podemos, em nossa saída de uma igreja, ser acusados por seus líderes de causadores de divisão, porém nunca esqueçamos que o vitupério do perverso é a aprovação de nosso Senhor (Mateus 5:11-12).
         O puritano Peter Vinke ofereceu um ponto de vista valioso sobre este assunto quando escreveu:
         Deus nunca requereu de nós que nos unamos com qualquer pessoa ou igreja em seus pecados; muito menos que devamos pecar com o propósito de poder obter a salvação de Suas mãos. A norma de Deus é que não devemos “fazer males para que nos sobrevenham bens” (Romanos 3:8). E embora seja a comunhão deles com a igreja tão útil, se não se pode tê-la a não ser pecando, então é melhor não tê-la de modo algum. Se os termos e condições para a comunhão com eles têm qualquer coisa que ver com seus pecados, melhor seria que nos dissessem para irmos voar por aí ou contar a areia das praias; do que nos receberem em sua comunhão, ou que nos recebam e depois nos joguem fora. Pois tais coisas tanto são moralmente impraticáveis (o assentimento a qualquer erro, ou o consentimento com qualquer adoração falsa), como irrazoavelmente requeridas de nós, do mesmo modo que qualquer outra coisa que fosse naturalmente impossível pudesse ser alguma vez requerida de alguém. E se por causa disto sobrevier castigo a eles, a falta é deles que requereram tais coisas de nós; pois, sendo contrários à mente e à vontade de Deus, não podemos realizá-las. Por sermos inocentes, melhor dizendo, por termos confiado na fidelidade deles (como a pessoa inocente em um caso de divórcio), necessitamos ser libertos.
         É necessário algumas vezes sair de uma igreja visível. Além do mais; pode ser necessário pensar e agir diretamente contra a autoridade dessa igreja, se quisermos permanecer fiéis a Deus... [2]
         O peso da responsabilidade sobre os ombros dos varões cristãos é muito grande. Como cabeças pactuais de nossos lares Deus nos tem como responsáveis diretos pela criação espiritual de nossos filhos e pelo bem-estar espiritual de nossas famílias. Portanto, nos cumpre assegurarmos de forma completa que a igreja a qual nos unimos como membros é uma igreja Bíblica e que seu pastor e seus presbíteros estão buscando diligentemente obedecer a Palavra de Deus, não somente em suas atribuições como líderes, mas também em suas vidas particulares. Não é errado ou trivial avaliar estes homens em termos de seus próprios votos ao Corpo de Cristo, do mesmo modo que eles têm de nos avaliar pelos nossos.
         De fato, fechar os olhos ao erro e consentir com o pecado aberto entre os líderes de nossa igreja é trazer o juízo de Deus sobre nossas próprias cabeças. Um dos primeiros sinais desse juízo contra nós é uma falta de interesse pela pureza e a doutrina ou prática eclesiástica. É assim que começa a apostasia pessoal, e nossos filhos são, em última instância, os que vão sofrer por nossa complacência (Êxodo 20:5b).
Conclusão
         A decisão de sair de uma igreja é – muitas vezes – uma decisão muito difícil. As amizades e outros laços fortes podem fazer nossa partida emocionalmente dolorosa. Outra vez, tal decisão nunca deve ser feita “por puro capricho”, mas só depois de ter-se considerado cuidadosamente a situação à luz da Escritura e o conselho de outros cristãos maduros. Mantenhamos sempre em mente que até a mais pura das igrejas está sujeita ao erro, isto é inevitável pois tal igreja é formada por homens falíveis, o que inclui nós mesmos. Encerremos com as seguintes palavras de João Calvino:
... “isto é, onde permanece este ministério [o da Palavra do Senhor] em sua integridade, ali há igreja; e, portanto, não deixa de chamar-se igreja porque existem alguns vícios e faltas nos costumes. Ademais, este ministério não deixa de ser legítimo por ver-se manchado com faltas ocasionais.
         Temos mostrado também que os erros que devem perdoar-se são os que não destroem nenhum dos pontos principais da religião cristã, ou vão contra os artigos da fé, nos quais todos os fiéis devem concordar, e não divergir.
         Quanto aos sacramentos, não devem ser diminuídas as faltas que o menosprezam e desfazem a instituição do Senhor.
         Onde a mentira destrói os pontos fundamentais da doutrina cristã, não há igreja. Mas, se ocorrer que a mentira acometa os pontos principais da doutrina, e destruir o que é necessário entender dos sacramentos, a tal ponto que não sirva de nada o usarmos, sobrevêm então, sem dúvida, a ruína da igreja; como um homem cuja garganta ou coração foram cortados.


Naquele que deu a sua vida pela sua igreja..... Cristo Jesus
Kleber Santos


NOTAS:
[1] - João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Livro IV, Capítulo II:12.
[2] - Peter Vinke, Separados por Causa Do Nome de Cristo.
[3] - Calvino, Instituas, Livro IV, Capítulo II:1.
Traduzido por: Márcio Santana Sobrinho

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