terça-feira, 21 de setembro de 2010

A MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA. Subsídio para Lição Bíblica da CPAD

A Lição Bíblica desta semana é a última do 3º trimestre/2010. A ênfase do seu conteúdo trata da atividade missionária da igreja. Temos assim, uma excelente oportunidade para refletirmos sobre:
- O quanto estamos interessados por missões
- O quanto compreendemos o que é "missão"
- O quanto estamos conscientizados sobre "missão
- O quanto estamos envolvidos com "missão"

O CONCEITO DE MISSÃO"Missão" pode ser definido como a proclamação, o ensino e o testemunho do Evangelho do Reino, a todas as pessoas, em todos os lugares, no poder do Espírito.A maior responsabilidade da igreja é a pregação do Evangelho. Somente ela pode fazer isto (Ef 3.10; 1 Tm 3.14-15; 1 Pe 2.9).O MÉTODO DA MISSÃOHá várias formas e maneiras de se fazer missões:
- Através do ensino da Palavra ou do discipulado (Mt 28.18-10)
- Através da proclamação da Palavra (Mc 16.15-18)
- Através do testemunho (At 1.8; At 4.20; 20.24)
- Através do anúncio da Palavra (At 4.2)
- Através da pregação ou evangelização (At 15.35)
O LOCAL DA MISSÃOA obra missionária pode ser realizadas nos mais diversos locais:
- No lar (Mc 5.18-20)
- Nas cidades (At 5.12-16)
- Em outras culturas (Mt 24.19; At 8.4-8; 11.20-25)
- Em outros países ou nações (At 16.6-10)
A MENSAGEM DA MISSÃOA mensagem da missão é o Evangelho (Mc 16.15). Não se trata aqui de qualquer "evangelho", mas, de todas as coisas ordenadas por jesus (Mt 28.20),. Trata-se do evangelho :
- Da graça de Deus (At 20.24)
- Das insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3.8),
- Poderoso (Rm 1.16)
- Da paz (Ef 6.15)
- Da glória (1 Tm 1.11)
- Das virtudes de Deus (1 Pe 2.9)

MISSÃO PROFÉTICA DA IGREJA
Enquanto prega o Evangelho, a igreja cumpre ao mesmo tempo a sua missão profética. Se não puder cumprir a sua missão profética, a igreja não poderá pregar o Evangelho.
Em sua missão profética, como a Igreja está se comportanto e se posicionando diante das grandes contradições sociais, da decadência espiritual e moral de nossa época?
Como já escrevi, penso que algumas questões graves contribuem para que pastores, pregadores, ensinadores, líderes cristãos em geral e algumas igrejas silenciem diante das injustiças sociais e do pecado em nossos dias.
Muitos profetas e a atividade profética da igreja está comprometida por diversas motivos, dentre os quais:
- Com a institucionalização da igreja, dentro da própria igreja observamos a prática da injustiça, quando algumas lideranças exploram os dízimos dos pobres (dos ricos também) para manter o seu luxo palaciano. Há líderes que deixam de investir no socorro aos necessitados, na educação e na evangelização para que sobre dinheiro para o gasto abusivo com carros luxuosos, apartamentos, mansões, fazendas, aviões etc. Outros investem timidamente nestas obras, para tentar passar uma falsa imagem ou mascarar a realidade. Volto a repetir que um líder deve viver dignamente, mas não deve destoar absurdamente da realidade social e econômica de sua comunidade cristã. Não sou apologista da mendicância, nem da ostentação luxuosa desnecessária e extremamente vaidosa;
- Pastores, pregadores, ensinadores e outras lideranças fazem a cada eleição alianças com candidatos e políticos corruptos, ladrões, devassos e arrogantes. Se vendem e negociam o voto da igreja em troca de favores como terrenos, comissões, cargos para familiares, parentes e amigos, ajuda para realização de festividades ou obras. Nestas questões, há uma verdadeira promiscuidade em nossos dias. Ao fazerem tais alianças, este líderes ou igrejas perdem a sua autoridade profética, visto que tal autoridade está associada à nossa integridade moral e manutenção dos princípios bíblicos;
- Algumas de nossas organizações (escolas, universidades, faculdades, convenções estaduais, regionais e nacionais de igrejas e ministros, etc.) deixaram de ser relevantes, existindo atualmente para basicamente servir para distribuição de cargos, ser fonte de vantagens financeiras, privilégios, roubos, extorsões, esquemas, fraudes, corrupções, promotoras de brigas, facções, dissensões e de escândalos internos e externos, locais, regionais e nacionais. Os que tem acesso às provas desta realidade se omitem, geralmente, por terem sidos ou por serem beneficiados de alguma forma pela situação.
Dessa forma, pode-se entender o silêncio profético de muitos para com as questões políticas e sociais de nossa época.
Não dá para confrontar Acabe (os líderes políticos de fora e os líderes "políticos" e religiosos de dentro) quando se compactua do seu pecado, ou quando se teme perder o emprego, o salário, algum cargo ou função alcançada, ou ainda a perda de oportunidades, convites ou agendas. Tal postura é covarde e mercenária. Precisamos seguir o exemplo de Micaías (1 Rs 22.13-14).
Não dá para denunciar o "pecado de Herodes" (Mt 14.3-12) quando se senta na mesa com "Herodes" para negociar ou buscar favores ilícitos ou imorais. É interessante lembrar que nem sempre legalidade é sinônimo de moralidade.
Apesar do momento crítico, o ministério profético na Igreja não será extinto. Tenho viajado pelo Brasil e conhecido muitas lideranças e instituições sérias, honestas e ainda comprometidas com o bem comum, com a justiça socia, com os princípios e com as prioridades do Reino de Deus.

sábado, 11 de setembro de 2010

26ª Conferência Fiel para Pastores e Líderes















POR QUE LER OS PURITANOS HOJE?

Artigo

Acredito que existem várias razões para o ressurgimento do interesse pelos Puritanos e seus escritos. Uma delas é que as pessoas estão ficando cansadas de coisas que a religião promete, mas não pode dá-las. Todo tipo de promessas são feitas, mas as pessoas investigam a religião por causa do interesse próprio, e quando estas promessas não se tornam realidade elas ficam desapontadas. Creio que elas também estão cansadas da religião superficial e sem seriedade em sua base. Muitas pessoas não louvam a Deus, porque o deus do qual a maioria ouve falar realmente não é o "Senhor Deus onipotente que reina para sempre e eternamente". Ele é simplesmente "meu amigo", e esta familiaridade certa mente produz desrespeito!

Os puritanos foram homens apaixonadamente obcecados pelo conhecimento de Deus. Eu listei 10 razões do porquê devemos ler os puritanos hoje, e cada uma delas é derivada diretamente da visão Puritana de Deus e das Escrituras.

1) Eles elevarão o seu conceito de Deus a um nível que você jamais imaginou fosse possível, e lhes mostrarão um Deus que realmente é digno de seu louvor e adoração. Jeremiah Burroughs, em seu clássico livro Louvor Evangélico, disse: "A razão porque nós adoramos a Deus de uma maneira não séria, é porque não vemos a Deus em Sua glória". O homem moderno ouve falar de um Deus que não é digno de ser louvado. Por que ele deveria louvar a um Deus que quer fazer o bem, mas não pode ser bem sucedido porque o homem nÍ o coopera? Quem afinal é soberano? O homem o é!


Leia os puritanos e você se achará, num sentido espiritual, de alguma forma sozinho. Você se sentirá empolgado com aquilo que está lendo e com o que está sentindo em seu coração, e perceberá que não há muitas outras pessoas que entenderão daquilo que você está falando; esta pode ser uma solitária experiência! Quando você experimenta a visão que Isaías teve de Deus (Is. 6), e percebe que a realidade de Deus está infinitamente além de qualquer coisa que a sua mente possa compreender, você perceberá que o homem comum não pensa muito a respeito de Deus, muito menos no nível profundo que você está pensando.


Uma das razões de termos um pensamento tão pobre é porque lemos tão pouco. Ler ajuda-nos a pensar. Nós vivemos numa "cultura fotográfica" (visual) ao invés de uma cultura tipográfica (de letras). Tudo são fotos, vídeos e filmes. Todo trabalho está feito para nós e assim não precisamos lutar com conceitos. Outra pessoa interpreta as coisas para nós com imagens. Há 400 anos atrás, as palavras estavam congeladas, estáticas numa página e estas forçavam os leitores a trabalharem mentalmente com os pensamentos ali expressos.

2) Os Puritanos tinham um "caso de amor" com Cristo, e eles escreveram muito sobre a beleza de Jesus Cristo. Um dos maiores puritanos foi Thomas Goodwin, um Congregacional. Escrevendo sobre o céu, Goodwin disse: "Se tivesse que ir ao céu e descobrisse que Cristo não estava lá, eu sairia correndo imediatamente, pois o céu seria o inferno para mim sem Cristo". O céu sem Cristo não é o céu, e se Cristo não estiver lá, eu não tenho nenhum desejo de estar lá. Estes homens estavam apaixonados por Cristo.


James Durham escreveu na sua aplicação do sermão sobre Cantares de Salomão 5:16: "Se Cristo é amor como um todo, então todo o resto é repulsivo como um todo". Nós não nos sentimos assim em relação a Cristo, sentimo-nos? Queremos um pouquinho de Cristo, mas também um pouquinho de várias outras coisas. Mas o verdadeiro cristão quer Cristo e nada além de Cristo.


Samuel Rutherford escreveu o seguinte a respeito da beleza de Cristo:

Eu ouso dizer que escritos de anjos, línguas de anjos, e mais que isso, e tantos mundos de anjos como existem pingos de água em todos os mares e fontes e rios da terra não O poderiam mostrar-lhe. Eu acho que Sua doçura inchou dentro em mim até a grandeza de dois céus.
Ah! Quem dera uma alma tão extensa, como se estendesse até a linha final dos mais altos céus para conter o Seu amor. E ainda assim eu poderia conter só um pouquinho deste amor. Oh! que visão, de estar no céu, naquele lindo jardim do Novo Paraíso, e assim ver, sentir o cheiro, tocar e beijar aquela linda flor-do-campo, a árvore sempre verde da vida! A sua sombra seria o suficiente para mim; uma visão dEle seria a garantia do céu para mim.
Se existissem dez mil milhões de mundos, e tantos céus cheios de homens e anjos, Cristo não seria importunado para suprir todos os nossos desejos, e nos preencher a todos. Cristo é uma fonte de vida; mas quem é que sabe qual a sua profundidade até o ponto mais fundo? Coloque a beleza de dez mil mundos de paraísos, como o jardim do Éden em um; coloque todas as árvores, todas as flores, todos os odores, todas as cores, todos os sabores, todas as alegrias, todos os amores, toda doçura em um só.

Oh! Que coisa linda e excelente isso seria? E ainda assim seria menos para o lindo e querido bem-amado Cristo do que uma gota de chuva em todos os oceanos, rios, lagos e fontes de dez mil mundos.



Isto é alguém que ama a Cristo, não é?

3) Os Puritanos nos ajudarão a entender a suficiência de Cristo. Isto sofre grandes ataques em nossa igreja moderna. Você pode ter Cristo para salvá-lo, mas hoje em dia você precisa da psicologia para ajudá-lo no curso de sua vida. Pode ter Cristo para salvá-lo e ajudá-lo com seus sofrimentos espirituais, mas você precisa de algo mais para estas dores emocionais profundas que sente.


Existe um livro escrito por Ralph Robinson — contemporâneo de Thomas Watson em Londres — "Cristo: Tudo e Em Tudo". Robinson escreveu mais de 700 páginas sobre um versículo de Colossenses, "... porém Cristo é tudo e em todos" (Cl 3:11). Você percebe que a questão é a nossa deficiência em entender a suficiência de Cristo. Se Cristo é tudo em tudo, como podemos olhar para qualquer outro, ou para qualquer outra coisa em busca de respostas?


No seu livro "O Tesouro dos Santos", Jeremiah Burroughs tem um sermão sobre o versículo de Colossenses. Burroughs faz uma afirmação como segue: "Certamente Cristo é um objeto suficiente para a satisfação do Pai". Nenhum de nós argumentaria contra isso, não é mesmo? Isaías nos diz que Deus verá o "fruto do penoso trabalho de sua alma, e ficará satisfeito". Assim, Cristo é suficiente para satisfazer a Deus. Burroughs continua: "Certamente, então, Cristo é suficiente para satisfazer qualquer alma!" Você compreende o raciocínio? Coit ado daqueles cristãos que gastam suas vidas inteiras se queixando acerca de seu destino na vida, como se Cristo não fosse suficiente. Que blasfêmia é dizer que Cristo é suficiente para satisfazer a Deus, mas não é suficiente para satisfazer a mim! Muito antes de existir um Freud, um Puritano solucionou o problema da "balela da psicologia" que tanto tem fascinado e agradado a igreja hoje.


4) Os Puritanos nos ajudam a ver a suficiência das Escrituras para a vida e a piedade. Isto é o que Pedro disse (2 Pe 1:3-4). As Escrituras nos dão o conhecimento de Deus, o qual nos dá todas as coisas pertinentes à vida e à piedade. O grito de guerra da humanidade hoje é mais ou menos assim: "Estou buscando a auto-estima", ou "Quero apenas estar de bem comigo mesmo".


Os cristãos não carecem de auto-estima; eles carecem de dispensar estima a Cristo! Isaías descobriu quem Deus era e daí ele soube quem de fato Isaías era. Eu me lembro de ter sido convidado para falar numa palestra em outro continente, e pediram-me para falar de mim. Não posso imaginar nada mais constrangedor do que as pessoas ficarem sabendo algo a meu respeito. No livro"Tesouro dos Santos" de Burroughs, seu primeiro sermão é intitulado "A Incomparável Excelência e Santidade de Deus" e é baseado num versículo do Velho Testamento "Quem é como Tu, oh Deu s, entre as nações?". É um sermão de 35 páginas, e Burroughs fala do esplendor de Deus em metade do sermão. Daí ele escreve sobre a segunda metade do versículo "e quem é como Tu, oh Israel?". Qual é o ponto em questão? Sendo que não há ninguém comparável ao Seu Deus, não há ninguém como você! Assim, você não precisa de auto-estima para sentir-se bem consigo mesmo; você precisa ter "Cristo-estima"; você precisa sentir-se bem com Deus.

Se o homem é criado à imagem e semelhança de Deus, como poderia alguém ter falta de auto-estima? Cristo deu Sua vida, pagando um alto preço por Sua Igreja. Isso é verdadeiramente digno, meus amigos!

5) Os Puritanos podem ensinar-nos sobre a extrema maldade da natureza do pecado. Edward Reynolds escreveu um livro intitulado "A Pecaminosidade do Pecado", e Jeremiah Burroughs escreveu "O Mal dos Males". Não há outra doutrina que importe sermos mais ortodoxos do que nesta. Porque se você está fora da doutrina do pecado, você está fora de toda doutrina. Este é o fio da meada que vai abrir todo o invólucro.

Burroughs escreveu 67 capítulos sobre esta premissa: O pecado é pior que o sofrimento; as pessoas farão tudo que puderem para evitar o sofrimento, mas farão quase nada para evitar o pecado. O pecado é pior que o sofrimento, isso, no entanto, é porque o pecado causa o sofrimento. De fato Burroughs vai ao ponto. O pecado é pior que o inferno, porque o pecado causou o inferno. E a causa é pior que a conseqüência da causa.
Obadiah Sedgwick, um presbiteriano Londrino proeminente e que era um membro da Assembléia de Westminster, escreveu um livro perscrutador "A Anatomia dos Pecados Ocultos" — um tratado sobre o clamor de Davi pedindo para ser liberto de pecados ocultos; aqueles pecados escondidos nos recessos mais íntimos de nossos corações. Aqueles pecados que não são conhecidos de mais ninguém, só por nós e Deus, pecados que são tão maus e condenados como quaisquer outros.


Jonathan Edwards disse o seguinte acerca do pecado: "Todo pecado é de proporção infinita, e é mais ou menos mau dependendo da honra da pessoa ofendida. Já que Deus é infinitamente santo, o pecado é infinitamente mau". É por isso que não existe esse negócio de pecado pequeno (pecadinho), porque o mais leve pecado é um ato de traição cósmica cometida contra um Deus infinitamente santo.

Simplesmente por seu enorme valor literário, este material não tem preço. As imagens de Edwards em seu sermão"Pecadores nas Mãos de um Deus Irado" são imbatíveis. Ele compara Deus com um arqueiro e seu arco em mãos; aquele arco está retesado e a flecha está diretamente apontada para o coração do homem; os braços do arqueiro estão trêmulos de tão firme que o arco está ao ser puxado. E Edwards diz que a única coisa que impede Deus de deixar aquela flecha voar e penetrar no sangue do pecador é o beneplácito de um Deus que está infinitamente irado com o pecado a cada dia. Um escritor secular que estava fazendo uma obra sobre Jonathan Edward s foi perguntado por um cristão: "Você sabe, se Edwards tiver razão então aquela flecha está apontada para o seu coração. Como você pode dormir à noite?". A resposta foi a seguinte: "Às vezes eu não durmo! Só espero em Deus que Jonathan esteja errado".


6) Os puritanos nos ajudarão na vida prática. O livro de Richard Baxter, "O Diretório Cristão", tem sido chamado de "o maior manual de aconselhamento cristão jamais produzido". Antes do presente século todo aconselhamento era feito do púlpito ou durante uma visita pastoral à família para catequizá-la. Os pastores eram vistos como os médicos da alma. É interessante notar que a palavra "psicologia" significa o estudo da alma. Suke, de onde temos "psyche" e de onde vem "psicologia" quer dizer "alma". Só que hoje em dia o que costumava ser a cura de almas pecaminosas, passou a ser a cura de mentes doentes (pecado virou doença). Esta tarefa foi tirada do pastor, o qual conhece a alma melhor que qualquer outro, e foi dada a conselheiros (psicólogos) dentre os quais, muitos nem mesmo crêem em Deus. Eles não podem curar males espirituais. O "Diretório" de Baxter mostra o gênio de um homem, que pôde aplicar as Escrituras em todas as áreas da vida. O Dr. James Packer chama este livro de o maior livro cristão já escrito.

O livro "A Prática da Piedade" de Lewis Bayly é um modelo de manual devocional Puritano. A idéia era a de regular o dia inteiro de um indivíduo pelas Escrituras. O Dr. John Gerstner diz que este livro deu início ao movimento Puritano.
Não havia nenhuma área da vida, criam os puritanos, que não devesse ser regulada pelas Escrituras. Mesmo o tempo a sós deveria ser posto à disposição do uso da piedade. Nathanael Ranew escreveu uma refinada obra — intitulada "Solidão Aperfeiçoada pela Meditação Divina". Esta é uma obra puritana clássica sobre meditação espiritual. A premissa de Ranew é que, mesmo quando o cristão está só ele pode "melhorar-se" a si mesmo usando sua mente para o bem, meditando em Deus e em Seus atributos. Se existisse um 11º mandamento, este seria: "Não deveis desperdiçar tempo".

Os Puritanos escreveram vários destes "manuais". John Preston pregou cinco sermões em I Tessalonicenses 5:17 sobre a oração, entitulados "O exercício diário dos Santos", os quais estão incluídos no "Os Puritanos e a Oração".

R.C. Sproul escreveu o prefácio do livro de Jeremiah Burroughs "Tratado sobre Mentalidade Terrena". Eis aí um livro sobre o grande pecado de pensar como o mundo pensa, ao invés de pensar os pensamentos de Deus e segundo Deus.

Os Puritanos tinham característica pastoral forte, além de serem muito teológicos. Christopher Love — sobre quem eu escrevi um livro "Um Espetáculo para Deus" — disse o seguinte, em seu terceiro volume sobre sermões de crescimento na graça:

Não olhe demais para os seus pecados, mas olhe também para a sua graça ainda que fraca. Cristãos fracos olham mais para os seus pecados do que para suas graças recebidas; Deus olha para suas graças e não atenta tanto para seus pecados e fraquezas. O Espírito Santo disse: "Ouvistes da paciência de Jó"; mas Deus leva em conta não o que existe de mau em seu povo, mas o que é bom nele. É mencionado o fato que Raabe escondeu os espias, mas nada é mencionado a respeito da mentira que ela contou. Aquilo que foi bem feito foi mencionado como louvável sobre Raabe. Já o que foi inapropriado está sepultado em silêncio, ou pelo menos não está registrado contra ela e nem como acusação contra ela . Aquele que desenhou o quadro de Alexandre com sua cicatriz na face, desenhou-o com seu dedo sobre a cicatriz. Deus coloca o Seu dedo de misericórdia sobre as cicatrizes de nossos pecados. Oh, como é bom servir um Senhor assim, que é pronto a recompensar o bem que fazemos e ao mesmo tempo está pronto a perdoar e esquecer o que é inapropriado. Por isso, vocês que têm só um pouco de graça, lembrem-se que ainda assim Deus terá os Seus olhos sobre esta pequena graça. Ele não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega. (Is 42:3)

7) Os Puritanos nos ajudarão no evangelismo que é bíblico. Grande parte do evangelismo feito hoje é centrado no homem, mas o evangelismo Puritano era centrado em Deus. Os puritanos tinham outra doutrina, que se tem perdido hoje em dia e tem o nome de "buscar" ou "preparação para a salvação". Era uma doutrina amplamente difundida entre os Puritanos ingleses e os reformadores. Foi ensinada por Jonathan Edwards em seu sermão "Forçando a entrada no Reino", e antes disso foi ensinada por seu avô Solomon Stoddard. Stoddard escreveu "Um Guia para Cristo", q ue John Gerstner chama de o mais refinado manual sobre evangelismo reformado que ele conhece. Além deste, você poderia querer ler "O Céu tomado por violência" de Thomas Watson.
A doutrina da busca nos ensina que Deus trabalha através de meios, e se um homem deseja ser salvo ele deve se apropriar destes meios. Deixe-me dar-lhe um exemplo. A fé vem pelo ouvir, e os homens são salvos pela fé, ou melhor, os homens são salvos pela graça através da fé. Mas se preciso de fé para agradar a Deus e eu percebo que não tenho fé para crer em Deus para a salvação, o que eu deveria fazer?
E é aqui que entra o "buscar". Se a fé vem pelo ouvir, então eu devo ouvir alguém pregar um sermão ortodoxo sobre Cristo. Se Deus vai me salvar, seu meio normal será através da pregação do evangelho. Deus não tem obrigação de me salvar se eu escuto um sermão, mas Ele provavelmente não me salvará sem que eu escute um sermão sobre a graça de Deus.
O pecador, então, deve fazer todo o possível dentro de seu poder natural para amolecer o seu coração. Ele não pode merecer a salvação, mas pelo menos ele pode "cooperar" com Deus em sua salvação ao invés de opor-se a Ele. Eu não me torno agradável a Deus por estar buscando — desde que o esteja fazendo sem interesse próprio — mas eu estou sendo menos ofensivo a Deus ao invés de mais ofensivo; e mesmo se Deus não me salvar, a minha punição no inferno será menor. E os Puritanos diriam: "Se você não pode ir a Deus com um coração reto, então vá a Ele procurando por um coração reto". Busque ao Senhor.


8) Ler os Puritanos nos ajudará a ter prioridades certas. Segundo Coríntios 5:9 diz: "É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe ser agradáveis". Um puritano falou da seguinte maneira: "O sorriso de Deus é minha maior recompensa; Sua expressão de desaprovação é meu maior temor". Se é verdade que nós nos tornamos como as pessoas com as quais gastamos o nosso tempo, então é um investimento para a eternidade gastarmos tempo com os puritanos. Então, gaste o seu tempo com o melh or! O livro "Temor Evangélico" de Jeremiah Burroughs é sobre termos a prioridade correta. Trata-se de sete sermões sobre Isaías 66:2, sobre o que significa tremer da Palavra de Deus. Se Deus fala "É para este que olharei,..., e que treme da minha Palavra", então seria sábio sabermos o que é tremer da Palavra de Deus.


9) Os Puritanos podem nos ajudar a esclarecer a questão de como um homem é justificado diante de Deus. Outro título do Solomon Stoddard é sua obra prima sobre justiça imputada: "A Segurança da Apresentação, no Dia do Juízo, na Justiça de Cristo". Não tenho como não enfatizar extremamente a importância de ser são e sóbrio sobre esta questão de justiça imputada nestes dias onde tantos não estão sendo sóbrios e claros na eterna diferença entre justiça imputada ou atribuída e justiça infundida. A diferença entre estas duas posições não é só a dist ância entre Roma e Genebra; mas é também a distância entre o céu e o inferno. Eu recomendo para as suas leituras sobre este assunto, o livro "Justificação Somente Pela Fé". Se você quer especificamente um livro puritano sobre esta questão, então leia "Os Puritanos e a Conversão", ou leia o livro de Matthew Mead, "O Quase Cristão Descoberto". Mead lista vinte e seis coisas que uma pessoa deve fazer como cristã. Fazendo estas coisas não prova que ela realmente seja cristã, no entanto não fazê-las prova que ela não é cristã. Não é para a fraqueza do coração. Esta era a versão do século 17 de "O Evangelho Segundo Jesus", 300 anos antes de John MacArthur ter escrito aquela obra preciosa.

10) Finalmente, olhemos para os Puritanos e a Autoridade da Palavra. Sabemos que as Escrituras são Deus falando conosco. O versículo clássico de Timóteo nos diz que "Toda Escritura é inspirada por Deus" (literalmente soprada por Deus). E sabemos que seja o que for que Deus diga, nós devemos obedecer. De fato foi isto que o povo de Deus do Velho Testamento percebeu. Em Êxodo 24:7 eles declaram: "Tudo que o Senhor falou nós faremos, e seremos obedientes". Não há nada que o Senhor diga que nós não devamos fazer; e se não o fazemos nós não somos cristãos! A coisa é simples assim!
Um puritano que era membro da Assembléia de Westminster em 1643 escreveu: "A autoridade da Escritura Sagrada, por causa da qual se deve crer e obedecer, não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja; mas depende totalmente de Deus (que é a própria Verdade) o autor da mesma. E por isso ela deve ser recebida, porque é a Palavra de Deus".
Sabemos que quando Deus fala nós devemos ouvir. De fato, grande parte da Grande Comissão é ensinar às pessoas a se submeterem à autoridade da Palavra de Deus "ensinando-os a observar tudo que vos tenho ordenado" (Mt 28:20).
Isto é o que surpreendia as pessoas quando Jesus ensinava. Mateus 7:29 diz que quando Jesus ensinava, as pessoas ficavam maravilhadas. Qual era a base para a admiração delas? "Ele estava ensinando-as como quem tem autoridade, e não como os escribas".
É exatamente assim que os pregadores devem pregar: com autoridade. É um mandamento de Deus que eles assim o façam. "Falai estas coisas, exortai e reprovai com toda autoridade. Não deixe que ninguém te despreze" Tito 2:15. Enquanto afirmamos que se Deus dissesse alguma coisa nós o obedeceríamos, nós nos esquecemos que o ministro fiel é Deus falando a nós hoje. É a visão da Reforma do ministério do púlpito: quando um ministro fiel está expondo a Palavra de Deus, é a voz de Deus que você está ouvindo e não a de um homem. E isto quer dizer que deve ser obedecida.
Mas o que você escuta após o sermão? O melhor que você ouvirá é "Isto é interessante, terei que pensar sobre isto". Mas Deus nunca nos deu Sua Palavra para ter nossa opinião ou para pensarmos sobre o assunto. Ele nos deu Sua Palavra para que a obedeçamos. O Puritano Thomas Taylor escreveu:
A Palavra de Deus deve ser pregada de tal maneira, que a majestade e a autoridade dela sejam preservadas. Os embaixadores de Cristo devem falar Sua mensagem como se Ele literalmente o fizesse. Um ministro lisonjeador é um inimigo desta autoridade, pois se um ministro deve contar "placebos" e canções doces é impossível que ele não venha trair a Verdade. Resistir esta autoridade ou enfraquecê-la é um pecado temível, seja em homens de alta ou baixa posição. E o Senhor não permitirá que seus mensageiros sejam interrompidos. Os ouvintes devem: a) orar por seus mestres, para que possam transmitir a Palavra com autoridade, com poder e claramente; b) não confundir esta autoridade nos ministros como rudeza ou antipatia, e muito menos como loucura; c) não recusar a sujeição a esta autoridade, nem ficar ofendidos quando ela sobrepuja uma prática onde eles estão relutantes em largar; pois é justo para com Deus apagar a luz daqueles que recusam a luz oferecida.

Deuteronômio 30:20 equipara um Deus de amor com obediência à Sua voz, e diz que é assim que amamos.

Bem, era assim que os puritanos viam as Escrituras. Sua elevada visão de Deus veio de sua elevada visão das Escrituras. E se nós quisermos conhecer a Deus como eles, nós devemos amar Sua Palavra como eles amaram. E este amor aumentará somente através de estudo intenso e diligente. E ler os puritanos é a próxima boa coisa. É como ir a escola com as mentes mais brilhantes que a igreja já teve.

Onde você deveria começar? Recomendo ao iniciante os seguintes títulos:



O Amor Verdadeiro do Cristão ao Cristo Invisível, de Thomas Vincent.



A Maldade do Pecado ou O Dever da Auto Negação, Thomas Watson.



Amostras de Thomas Watson, um pequeno livro de dizeres coletados.



A Graça da Lei, Ernest Kevan; um bom livro sobre o papel da lei na teologia puritana.

Os Puritanos e a Conversão, Os Puritanos e a Oração. Dois excelentes compêndios que dão ao leitor o melhor do pensamento puritano sobre os respectivos temas.

Em Cristo Jesus
kleberde sá

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

[DEVOCIONAL] John Piper - Amando a Deus por Aquilo que Ele é

      Amando a Deus por Aquilo que Ele é                           
 por John Piper
 Uma das mais admiráveis verdades que descobri foi esta: Deus é mais glorificado em mim quando sou mais satisfeito nEle.

Este é o lema que direciona meu ministério como pastor. Afeta tudo o que eu faço.
Se eu como, bebo, prego, aconselho ou faço — em tudo isso, o meu alvo é glorificar a Deus pela maneira como o faço (1 Co 10.31). Isto significa que meu alvo é fazer tudo de modo que revele como a glória de Deus tem satisfeito os anelos de meu coração. Se a minha pregação denunciasse que Deus não tem satisfeito minhas necessidades, ela seria fraudulenta. Se Cristo não fosse a satisfação de meu coração, será que as pessoas creriam, quando eu proclamasse a mensagem dEle: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6.35)?
A glória do pão consiste em que ele satisfaz. A glória da água viva está no fato de que ela sacia a sede. Não honramos a água refrescante, auto-renovadora e pura que desce da fonte na montanha, quando lhe damos nossa contribuição por trazermos baldes de água de poços do vale. Honramos a fonte por sentirmos sede, ajoelharmo-nos e bebermos com gozo. Em seguida, dizemos: “Ahhhh!” (isto é adoração!) e prosseguimos nossa jornada com a força proveniente da fonte (isto é serviço). A fonte da montanha é mais glorificada quando mais nos satisfazemos com a sua água.
Tragicamente, muitos de nós fomos ensinados que o dever, e não o deleite, é a maneira de glorificarmos a Deus. Não aprendemos que o deleite em Deus é nosso dever! Satisfazer-se em Deus não é um acréscimo opcional ao verdadeiro dever cristão. É a exigência mais elementar de todas. “Agrada-te do Senhor” (Sl 37.4). Não é uma sugestão, é uma ordem, assim como o são: “Servi ao Senhor com alegria” (Sl 100.2) e: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fp 4.4).
A responsabilidade de um pastor é mostrar com clareza aos outros que o amor de Deus “é melhor do que a vida” (Sl 63.3). Se o amor de Deus é melhor do que a vida, é também melhor do que tudo o que a vida neste mundo oferece. Isto significa que a satisfação não está nos dons, e sim na glória de Deus — a glória do amor, do poder, da sabedoria, da santidade, da justiça, da bondade e da verdade de Deus.
Esta é a razão por que o salmista clamou: “Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre” (Sl 73.25-26). Nada na terra, nenhum dos dons de Deus, na criação — podia satisfazer o coração de Asafe. Somente Deus podia. Davi queria expressar isso quando disse ao Senhor: “Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo, senão a ti somente” (Sl 16.2).
Davi e Asafe nos ensinam, por seu anelo centralizado em Deus, que os dons de Deus — como saúde, riqueza e prosperidade — não satisfazem. Somente Deus satisfaz. Seria presunção não agradecer a Deus pelos seus dons (“Não te esqueças de nem um só de seus benefícios” — Sl 103.2), mas seria uma atitude idólatra chamar de amor a Deus a alegria que obtemos de tais dons. Quando Davi disse ao Senhor: “Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16.11), ele estava afirmando que estar próximo de Deus é a única experiência todo-satisfatória do universo.
Não era pelos dons de Deus que Davi anelava como um amante profundamente apaixonado. “Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo” (Sl 42.1-2). Davi queria experimentar uma revelação da glória e do poder de Deus: “Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água. Assim, eu te contemplo no santuário, para ver a tua força e a tua glória” (Sl 63.1-2). Somente Deus satisfará um coração como o de Davi, que era um homem segundo o coração de Deus. Fomos criados para sermos assim.
Isto é a essência do que significa amar a Deus — satisfazer-se nEle. NEle! Amar a Deus pode incluir obedecer a todos os seus mandamentos, pode incluir crer em toda a sua Palavra e agradecer-Lhe por todos os seus dons. Mas a essência de amar a Deus é desfrutar de tudo o que Ele é. Este desfrutar de Deus glorifica mais plenamente a dignidade dEle, em especial quando tudo ao redor de nossa alma está desmoronando.
Todos sabemos disso por intuito, bem como por meio das Escrituras. Sentimo-nos mais honrados pelo amor daqueles que nos servem por obrigação ou pelo deleite da comunhão? Minha esposa é mais honrada quando eu lhe digo: “Gastar tempo com você me torna feliz”. Minha felicidade é o eco da excelência dela. O mesmo é verdade em relação a Deus. Ele é mais glorificado quando nos satisfazemos mais nEle.
Nenhum de nós tem chegado à completa satisfação em Deus. Freqüentemente, sinto-me triste com o murmurar de meu coração sobre a perda de confortos mundanos, mas tenho provado que o Senhor é bom. Pela graça de Deus, conheço agora a fonte de gozo eterno; por isso, gosto muito de passar os dias atraindo as pessoas a este gozo, até que possam dizer comigo: “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo” (Sl 27.4).

Extraído do livro: Uma Vida Voltada para Deus, de John Piper.

Copyright: © Editora FIEL

O leitor tem permissão para divulgar e distribuir esse texto, desde que não altere seu formato, conteúdo e / ou tradução e que informe os créditos tanto de autoria, como de tradução e copyright. Em caso de dúvidas, faça contato com a Editora Fiel.

Matéria extraida;do blog; http://voltemosaoevangelho.blogspot.com/

Em Cristo Jesus
kleber de sá

domingo, 5 de setembro de 2010

O DOM MINISTERIAL DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA. Subsídio para Lição Bíblica da CPAD

A Lição 11 nos oferece uma breve consideração acerca dos dons ministeriais em seu ponto I.

Selecionei algumas questões, que entendo ser interessantes para uma análise e discussão na sala de aula:

 CONSIDERAÇÕES ACERCA DOS CHAMADOS DONS MINISTERIAIS

Apóstolos

"É importante que façamos uma distinção entre o apóstolo, como dom ministerial, e os doze apóstolos de Cristo - os apóstolos do Cordeiro (Ap 21.14). Estes formavam um grupo distinto na Igreja Primitiva (Lc 6.12-16) [...]. Quanto aos apóstolos dados à igreja, por intermédio do dom ministerial e cuja função é de "embaixador" (cf. 2 Co 8.23) e "enviados" (cf. Fp 2.25), são estes igualmente imprescindíveis à obra de Deus." (Comentário da Lição Bíblica)


A afirmativa acima se enquadra na discussão contemporânea sobre a atualidade do ministério de apóstolo. Fica evidenciado no texto que o comentarista da lição faz uma distinção entre os doze apóstolos de Cristo, como um grupo específico, dos demais apóstolos investidos do dom ministerial. Concordo com a distinção proposta, e sobre isto, faço a seguir algumas considerações.


Sobre esta questão, a Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD) diz:


"O título "apóstolos" se aplica a certo líderes cristãos no NT. O verbo apostello significa enviar alguém em missão especial como mensageiro e representante pessoal de quem o envia. O título é usado para Cristo (Hb 3.1), os doze discípulos escolhidos por Jesus (Mt 10.2), o apóstolo Paulo (Rm 1.1; 2 Co 1.1; Gl 1.1) e outros (At 14.4, 14; Rm 16.7; Gl 1.19; 2. 8,9; 1 Ts 2.6,7). [...] Apóstolos, no sentido geral, continuam sendo essenciais para o propósito de Deus na igreja. [...] O termo "apóstolo" também é usado no NT em sentido especial, em referência àqueles que viram Jesus após a sua ressurreição e que foram pessoalmente comissionados por Ele a pregar o evangelho e estabelecer a igreja (e.g., os doze discípulos e Paulo)."

Em termos gerais, o ministério apostólico se manifesta na atualidade através da atividade missionária.

Profetas

Sobre este ministério, já escrevemos na lição anterior (10) o artigo intitulado "O ministério profético no Novo Testamento".

Evangelistas

Sobre o ministério de evangelista, recomendo a leitura do artigo que escrevi sobre o assunto, intitulado "O Ministério de Evangelista numa Perspectiva Bíblica, Exegética e Teológica"

Pastores

Dentre as atividades pastorais estão o cuidado com a sã doutrina (Tt 1.9-11), o ensino e a direção da igreja local (1 Ts 5.12; 1 Tm 3.1-5), a postura exemplar (Tt 2.7-8).

Indico também a leitura do meu artigo "Presbíteros são Ministros da Palavra?"
Doutores ou Mestres
A definição da BEP resume bem este importante ministério: "Os mestres são aqueles que têm de Deus um dom especial para esclarecer, expor e proclamar a Palavra de Deus, a fim de edificar o corpo de Cristo (Ef 4.12)."

                  O MINISTÉRIO DE PROFETA E O DOM DE PROFECIA

Para distinguir o ministério de profeta no NT (Ef 4.11) do dom de profecia (1 Co 12.10), a Bíblia de Estudo Pentecostal faz a descrição abaixo, que resume o pensamente assembleiano sobre o tema:


"É preciso distinguir a profecia aqui mencionada, como manifestação momentânea do Espírito da profecia como dom ministerial na igreja, mencionado em Ef 4.11. Como dom de ministério, a profecia é concedida a apenas alguns crentes, os quais servem na igreja como ministros profetas [...]. Como manifestação do Espírito, a profecia a profecia está potencialmente disponível a todo cristão cheio dEle (At 2.16-18)".


É interessante colocar, que no mesmo contexto de 1 Co 12, o apóstolo Paulo escreve:

27 Ora, vós sois o corpo de Cristo e seus membros em particular. 28 E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundo lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons de curar, socorro, governos, variedades de línguas. 29 Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres? 30 Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos? 31 Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente.
Aqui, temos os dons chamados de "ministeriais" e os dons espirituais juntos, sem distinção em termos da classificação tradicionalmente pentecostal.
A bíblia usa o termo "dons espirituais" em 1 Co 12.1 (gr. pneumatikom), mas, em nenhum lugar, usa o termo "dons ministeriais", termo este que foi criado pelos estudiosos das sagradas escrituras para fins didáticos, e para sustentação da distinção sugerida.
Na obra Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, publicado também pela CPAD (Casa Publicadora das Assembleias de Deus), na pág. 1238 e 1239 temos um quadro que nos apresenta os "dons ministeriais", onde entre estes dons, além dos já tradicionalmente conhecidos (Ef 4.11), foram incluídos:


- Ajudantes (At 13.1-3; 1 Co 12.28, 29; Ef 4.11; At 20.35; At 16.14, 15, 3 Jo 5-8);
- Administradores (Rm 12.8; 1 Co 14.3; 1 Ts 5.11, 14-22; Hb 10.24,25, etc);
- Doadores (At 2.44, 45; 4.34, 35; 11.29, 30; 1 Co 16.1-4; 2 Co 8.9; Ef 4.28; 1 Tm 6.17-19; Hb 13.16; 1 Jo 3.16-18);
- Consoladores ( Rm 12.8; 2 Co 1.3-7)

Curiosamente, no texto do mesmo comentário (p. 1241) que trata sobre Ef 4.11, lemos:

"[...] Paulo aqui faz uma distinção (e também em outras passagens) entre os dons da graça concedido pelo Espírito aos crentes individualmente (4.7, 8; cf. 1 Co 12.4-11) e aquelas cinco categorias de pessoas competentes escolhidas pelo próprio Senhor "para proclamar a Palavra e liderar" (Lincoln, 249) sua Igreja universalmente (Ef 4.11; cf. 1 Co 12.28).


Dessa forma, no comentário do texto de Ef 4.11 os chamados dons ministeriais são delimitados, enquanto que no gráfico apresentado eles são ampliados!?

As atividades acima relacionadas, que aparecem no gráfico citado, me parecem mais com aquelas manifestações sobrenaturais da parte do Espírito Santo através dos dons, definidas pelo pastor Antônio Gilberto em sua obra Verdades Pentecostais: como obter e manter um genuíno avivamento pentecostal nos dias de hoje, CPAD, (pg. 69):


"Ministérios. Ou diakonais (1 Co 12.5). Isso fala de serviço, trabalho e ministério prático. São ministrações sobrenaturais do Espírito através dos membros da igreja como um corpo (1 Co 12.12-27)."


Em termos concretos, como se sustenta no contexto bíblico de 1 Co 12-14 a distinção entre o chamado "dom ministerial de profeta" e o "dom de profecia"?


Para fins de buscar uma solução, teríamos que no mínimo fazer a seguinte afirmação: Há no NT profetas ministeriais efetivos e profetas circunstanciais. Dessa forma, teríamos no NT duas categorias de profetas.


Afirmo isto, pelo fato de que em 1 Co 14.29-32, 37, no contexto dos "dons espirituais", o que profetiza é também chamado de "profeta" (gr. prophetes).


       O DOM DE PROFECIA E O DOM DE LÍNGUAS SEGUIDO DE INTERPRETAÇÃO


Um outro problema em termos práticos e teóricos, diz respeito ao entendimento sobre a profecia (gr. propheteía) e dom de línguas (gr. genê glosson) seguido de interpretação (gr. ermeneía glosson).


Vamos ao culto, e lá um irmão ou irmã fala em línguas e em seguida interpreta, ou a interpretação é dada por outro. Considerando que a mensagem em línguas, seguida de interpretação, geralmente contém elementos preditivos, exortação, edificação e consolo para a igreja, poderíamos chamar isto de profecia (como geralmente é chamado)? Ou chamaríamos de uma mensagem profética ministrada através de línguas com interpretação? Dessa forma, não estaríamos eliminando qualquer diferença substancial entre estes dons?


Sobre isto, o Comentário Pentecostal do Novo Testamento (CPAD) afirma em sua pág. 1026:

"A glossolalia interpretada e a profecia são igualmente válidas por edificarem a congregação: 'O que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também [as] interprete'. Paulo não diz aqui que as líguas mais a interpretação são equivalentes à profecia ou, formando a frase de um modo diferente, que a interpretação seja uma profecia (como Barret argumenta, 316). Esta visão, na realidade, elimina qualquer diferença substancia entre estes dons (Lim, 144). De acordo com Carson, "parece que as línguas podem ter a mesma importância funcional da profecia se houver intérprete presente... Isto não significa que não exista nenhuma diferença entre as línguas mais a interpretação, e a profecia. [...] Bittlinger acrescenta: 'O dom das línguas, quando interpretadas, tem o mesmo valor da profecia na edificação da igreja' (101)."
Os comentários acima, nos remetem para a necessidade de uma análise mais crítica, e menos reprodutiva das questões doutrinárias aqui colocadas, para dessa forma haver maior clareza e distinção acerca dos conceitos e definições sobre os dons do Espírito.

Penso, falando em termos teológicos, que na condição de pentecostais assembleianos, já estamos maduros para uma discussão neste nível.

REFERÊNCIAS
- Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
- Comentário Bíblico Pentecosta do Novo Testamento, CPAD.
- O Novo Testamento Interlinear, SBB.
- Verdades Pentecostais, CPAD.


kleber de sá
Em Cristo Jesus
Matéria extraida do blog do pastor Altair Germano
Postado por ALTAIR GERMANO

"Senhor, ensina-nos a orar"

“Senhor, ensina-nos a orar”, evocava humilde e esperançoso um dos discípulos (Lc 11.1). O incógnito suplicante fizera uma das orações mais breves de toda Escritura. No desejo de aprender a orar, suplicou, e prontamente foi atendido. Jesus ensinou-lhe a essência e o paradigma da oração cristã eficaz.


A oração estava presente e arraigada na religião e cultura judaicas de tal modo que não temos qualquer perícope nas Escrituras que interrogue a respeito de sua definição. Ensinar a orar não é a mesma coisa que definir o que é orar. Os discípulos de Cristo, assim como os de João ou dos fariseus, não questionavam seus mestres a respeito do significado da oração. Ensinar a orar diz respeito à liturgia, à forma; definir a oração tem a ver com a teologia.

O súplice sabia mais da teologia da oração do que de sua forma. Ele não precisava que Jesus a definisse, pois o povo israelita possuía uma longa tradição teologal e litúrgica nas quais a oração era componente essencial do culto a Javé. O conceito de oração era de pleno conhecimento do israelita adulto, razão pela qual não havia necessidade de o discípulo incógnito perguntar por sua plena significação. Entrementes, sentira a urgência de apreender a sua essência e forma.

Apesar de inserido em uma sociedade cúltica e orante, vira que seu Mestre invocava a Deus com a mais íntima comunhão. O particípio presente do verbo proseuchomai, “orando”, possibilita a interpretação de que os discípulos estavam presentes nesse “certo lugar” (Lc 11.1); caso não estivessem presentes, o que parece não ser o caso, chegaram enquanto Jesus ainda orava.

Se fazia parte da tradição o rabino ensinar aos seus discípulos como se deve orar, como atesta o complemento “como também João ensinou aos seus discípulos”, então, era oportuno que o aprendente interrogasse seu mestre a respeito do assunto. Assim, embora não perguntasse ao ensinante o que é oração, indagara a respeito de como deveria orar, uma vez que, de acordo com Joachim Jeremias, na época do Novo Testamento, o judeu piedoso “rezava três vezes ao dia”,<!--[if !supportFootnotes]-->[1]<!--[endif]--> indicando assim, que não era preocupação do judeu orante a definição de oração, mas em que a oração do Galileu diferia-se da tradição.

As duas proposições, como orar e o que é oração demonstram, entretanto, uma relação entre a experiência cúltica da oração e a definição teórica que a orienta. A experiência é a expressão prática, mas a definição, a expressão doutrinária. Se o discípulo fizesse a segunda pergunta, seu interesse seria teológico e dogmático, porém, como fez a primeira, demonstra maior preocupação com a forma e prática da oração do que em sua episteme. A primeira indagação é litúrgica e cultual; enquanto a segunda, doutrinária e teológica. Esta traduz a teoria, mas aquela, a experiência religiosa. As duas não são antagônicas, mas complementares.
De acordo com Joachim Wach, a expressão teórica e a experiência religiosa estão entrelaçadas, de modo que uma não se sobrepõe à outra. Segundo o autor

A expressão cultual (prática) da experiência religiosa precede a expressão teórica, ou os elementos doutrinais são os que determinam as formas nas quais o culto será realizado? [...] A interpretação mais plausível parece ser a que considera tanto a expressão teórica como a prática como estando inextricavelmente entrelaçadas e a que desaprova qualquer esforço de atribuir prioridade seja a uma, seja a outra.<!--[if !supportFootnotes]-->[2]

<!--[endif]-->
Correndo o risco de perturbar a clareza de nossa assertiva, a experiência religiosa para Wach refere-se à expressão prática no culto e nas formas de adoração. A manifestação dessa experiência religiosa se realiza na doutrina (teoria), no culto (prática) e na comunhão (sociologia),<!--[if !supportFootnotes]-->[3]<!--[endif]--> isto é, no conteúdo, forma e coletividade.

De acordo com o autor, o culto forma, integra, e desenvolve o grupo religioso através de seus principais elementos (a oração, o sacrifício e o ritual).<!--[if !supportFootnotes]-->[4]<!--[endif]--> O culto, na acepção sociológica, se compõe dos exercícios religiosos que relacionam e integram o homem e o seu grupo religioso ao sagrado.

As experiências religiosas advindas principalmente da prática litúrgica e da comunhão do grupo, segundo Severino Croatto, são influenciadas pela experiência humana que é sempre relacional. [5<!--[endif]--><!--[if !supportFootnotes]-->] Assim, a oração não é uma manifestação religiosa articulada fora da experiência humana e do grupo religioso. Ela pertence ao jogo de linguagem, segundo Wittgenstein<!--[if !supportFootnotes]-->[6]<!--[endif]-->, e às representações religiosas coletivas que exprimem, segundo Émile Durkhein, realidades coletivas<!--[if !supportFootnotes]-->[7]<!--[endif]--> e, como elemento que integra o rito, constitui-se um elemento de mediação hierofânica. Por conseguinte, a oração não é uma manifestação religiosa articulada fora da experiência humana e do grupo religioso.

Portanto, o discípulo orante não necessitava do conceito de oração, já que a prece fazia parte de sua experiência religiosa, mas de sua realidade cúltica, transformacional e mediadora, suplantada pelo tradicionalismo de então. As formas mecânicas da oração hebreia contrastavam com a oração vivificante de Cristo, razão pela qual o pedinte suplica por sua fórmula em vez de sua significação.

Ainda preso aos tentáculos do tradicionalismo, pensava ele que a essência da oração era sua forma, suas estruturas e ritos. O discípulo conhecia a teoria, mas essa se opunha a prática vigente. Por conseguinte, teoria e forma, doutrina e liturgia não se dicotomizam, muito embora seja possível romper a forma da essência e a doutrina da liturgia. A teoria e a experiência religiosa, por mais que se conflitem, estão entrelaçadas.

Wach critica aqueles que separam a teoria (a fórmula racional) da experiência religiosa (a manifestação prática). Considerou equivocada a posição dos teóricos que atribuem à religião um caráter apenas reflexivo e, principalmente, a de Schleiermacher, para o qual as ideias são estranhas à religião e devem ser substituídas pela intuição.<!--[if !supportFootnotes]-->[8]

Para Schleiermacher, a religião não é conhecimento e muito menos atividade que condiciona a vida moral (ação), mas tão somente sentimento, uma experiência meditativa (andächtiges Erleben), ou como Mendonça define a concepção schleiermacheana, “presença do infinito no finito”

Baseando-se na psicologia, Schleiermacher afirma que o sentimento constitui a faculdade peculiar da vida religiosa. Religião não é conhecimento, assim como não é a atividade que condiciona a vida moral, mas é sentimento. Presença do infinito no finito.<!--[if !supportFootnotes]-->[9]

<!--[endif]-->
Ambas as teorias, as que negam o conhecimento teórico e as que atribuem apenas o caráter reflexivo da religião, são opiniões unilaterais que reduzem e minimizam a religião e suas “diferentes formas de expressão”, afirma Wach.<!--[if !supportFootnotes]-->[10]<!--[endif]-->

Todavia, Wach concorda com Max Scheler, segundo o qual o conhecimento religioso não existe antes de sua expressão cultual. O ato religioso pode ser ato mental [geistiger] de natureza psicofísica.<!--[if !supportFootnotes]-->[11]<!--[endif]--> A adoração, por conseguinte, é um dos meios para o crescimento do saber religioso e a linguagem o instrumento que expressa a experiência religiosa. A linguagem religiosa, entretanto, não é neutra, mas traduz a experiência sagrada. É desvelamento e mistério.

Félix-Alexandro Pastor, nomeia a linguagem da experiência religiosa como: doxologia cúltica – expressiva da própria fé, sem excluir referências informativas e normativas –, analogia – de tendências informativas –, e homologia – de caráter normativo.<!--[if !supportFootnotes]-->[12]<!--[endif]--> Por conseguinte, múltiplas são as linguagens que traduzem a experiência cúltica e religiosa; elas não se anulam e muito menos se excluem mutuamente, pelo contrário, complementam-se.

Portanto, não há qualquer contradição no fato de o discípulo inquirir como orar em vez de o que é oração. As duas questões encontram-se no epicentro do culto e sintetizam-se na experiência e na linguagem religiosa.

matéria extraida do blog do Pastor Esdras bentho
http://teologiaegraca.blogspot.com/

Lições Bíblicas 4ºtrimestre de 2010

O Poder e o Ministério da Oração-O relacionamento do cristão com Deus-

Lição 1-O que é Oração

Lição 2-A Oração no Antigo Testamento

Lição 3-A Oração Sabía

Lição 4-A Oração em o Novo Testamento

Lição 5-Orando como Jesus Ensinou

Lição 6-A Importância da Oração na vida do crente

Lição 7-A Oraçãoda Igreja e o Trabalho do Espírito Santo

Lição 8-A Oração Sacerdotal de Jesus Cristo

Lição 9-A Oração e a vontade de Deus

Lição 10-O Ministério da Intercessão

Lição 11-A Oração que conduz o Perdão

Lição 12-Quando o crente não Ora

Lição 13-Se o Meu Povo Orar



Oração - é o meio pelo qual o cristão entra em comunhão com Deus.
                         "Alguém considerou a Oração o respirar da Alma"


Em Cristo Jesus!
kleber de sá

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Qualificações dos Presbíteros: Não Avarento

                                
não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; 1 Tm 3:3



Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de torpe ganância; Tt 1:7


Introdução
Apesar das duas palavras serem diferentes, agrupei estas duas características em um artigo só, coisa que os comentaristas também fazem. Creio ser adequado porque o sujeito que ama o dinheiro e o que busca lucrar desonestamente não são tão diferentes e ambos servem ao mesmo ídolo. Aqui caem por terra todos os "televangelistas" que se auto-proclamam apóstolos e arrancam dinheiro das pessoas. Esses tipos sempre existiram na história da igreja e hoje não é diferente.


Grego


Em 1 Timóteo αφιλαργυροζ - aphilarguros


• Em Tito μη αισξροκερδηζ - me aischrokerdes


Strongs - que não ama o dinheiro, não avarento / não ansioso pelo lucro ilegítimo, não ganancioso pelo dinheiro


Rienecker e Rogers - não amante do dinheiro, não avarento / cobiçoso de lucro vergonhoso; isto é, alguém que lucra desonestamente, adaptando o ensinamento aos ouvintes a fim de ganhar dinheiro deles, ou talvez, refira-se ao engajamento em negócios escusos.


Outras versões


Outras traduções do mesmo termo em português:


Almeida Revista e Atualizada (ARA) não avarento / nem cobiçoso de torpe ganância


Nova Versão Internacional(NVI) não apegado ao dinheiro / nem ávido por lucro desonesto


Almeida Revista e Corrigida(ARC) não avarento / nem cobiçoso de torpe ganância


Nova Tradução na Linguagem de Hoje(NTLH) não deve amar o dinheiro / nem ganancioso


Tradução Brasileira(TB) não cobiçoso / nem amigo de sórdidas ganâncias


Comentários


• Broadman – Era importante que os presbíteros e diáconos não fossem amantes do dinheiro. Talvez já nos dias de Paulo, e certamente depois, os presbíteros dirigiam as coletas e distribuição das ofertas para os órfãos, viúvas e pobres, os prisioneiros, e assim por diante. Os diáconos faziam a distribuição propriamente dita. Isso dependia muito da honestidade e integridade deles, como é hoje.


• D. A. Carson Além disso, o pastor / presbítero / bispo não é um "amante do dinheiro". Jesus Cristo prometeu a todos os seus discípulos que teriam o bastante para as suas necessidades. Então os líderes da igreja têm que exibir um certo desapego a essas necessidades, porque eles estão confiando em Cristo. A pior situação concebível na igreja local acontece quando a igreja adota a atitude: "Deus, tu o manténs humilde e nós o mantemos pobre", e o ministro adota a atitude, "vou arrancar cada centavo que eu puder dessa congregação egoísta; eles não têm idéia do quanto eu faço por eles".        A melhor situação acontece quando a congregação se vê na posição privilegiada de apoiar alguém generosamente no ministério de forma que ele fique livre para seguir com o trabalho do ministério, e o ministro, por sua vez, não se importa com isso - de certa forma, ele está acima de tudo isso.
Há um certo sentido profundo em que, no ministério, você não paga alguém pelo trabalho que ele faz. Há algumas coisas que eu fiz no ministério - alguns funerais que eu aceitei, algumas situações miseráveis em que eu entrei - que você nunca poderia me pagar o bastante para que eu fizesse.       Na realidade, o que a igreja está fazendo é apoiar alguém de forma que ele esteja livre para o ministério. Nesse tipo de estrutura, você não quer vê-lo preocupado com a próxima refeição, se está vindo ou não, mas você também não quer que ele diga: "Considerando o quanto sou importante como líder desta igreja, vocês deveriam me pagar tanto". Em algum lugar ao longo da linha, a combinação entre 1 Timóteo 2 e 1 Timóteo 5 é alcançada: ele não é um amante do dinheiro, mas ele é merecedor de "dobrada honra" - e a palavra "honra" é usada freqüentemente para "pagamento" - "merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino".

• Jamieson, Fausset e Brown (Tm) "não amante do dinheiro" independentemente de ter muito ou pouco (Tt 1:7). (Tt) não fazendo do Evangelho um meio de ganho (1 Tm 3:3,8). Em oposição àqueles que "ensinam por torpe ganância" (Tt 1:11 1 Tm 6:5 1 Pe 5:2).

• João Calvino – Todas as pessoas cobiçosas são maliciosamente desejosas de ganho; porque, onde quer que a cobiça esteja, também haverá aquela baixeza da qual o apóstolo fala. "Aquele que deseja tornar-se também deseja tornar-se rico logo" (Juvenal). A conseqüência é, que todas as pessoas cobiçosas, embora isto não esteja abertamente manifesto, aplicam suas mentes a ganhos desonestos e ilegais. Assim sendo, ele contrasta com este defeito o desprezo pelo dinheiro; porque não há nenhum outro remédio pelo qual possa ser corrigido. Aquele que não suporta paciente e mansamente a pobreza nunca escapará da doença dos recursos e da sórdida cobiça.

• John Gill não cobiçoso; ou um amante do dinheiro de uma forma imoderada, ganancioso por coisas mundanas e riquezas, e insaciável nos seus desejos por elas; mesquinho, sórdido e não generoso; agindo como mercenário; buscando suas próprias coisas, e não as de Cristo; seu ganho para si mesmo, e não para o bem das almas; e retendo de si mesmo, da sua família, e do pobre, o que deveria ser desfrutado por eles.

• John MacArthur Presbíteros precisam ser motivados pelo amor a Deus e Seu povo, não pelo dinheiro (cf. 1 Pe 5:2). Um líder que está no ministério por dinheiro revela um coração posto no mundo, não nas coisas de Deus (Mt 6:24; 1 Jo 2:15). A cobiça caracteriza falsos mestres (Tt 1:11; 2 Pe 2:1-3, 14; Jd 11), mas não o ministério de Paulo (At 20:33; 1 Co 9:1-16; 2 Co 11:9; 1 Ts 2:5).

• Matthew Henry (Tm) Alguém que não é ganancioso por lucro imundo, que não faz o seu ministério submeter-se a qualquer desígnio ou interesse secular, que não usa modos maus, baixos e sórdidos para ganhar dinheiro, que está morto para a riqueza deste mundo e vive acima disso e deixa claro que é assim.
(Tt) Não dado a lucro imundo; não ganancioso por isso (cf. 1 Tm 3:3), o que não significa recusar um retorno justo para a sua labuta, para o seu necessário sustento e conforto; mas não fazendo do ganho o seu primeiro ou principal fim, não entrando no ministério nem administrando-o com vis visões mundanas. Nada é mais impróprio num ministro, que deveria dirigir o seus próprios olhos e os de outros para outro mundo, do que também ter uma intenção desse tipo. É chamado de lucro imundo, por sujar a alma que é afetada desordenadamente ou que busca sofregamente por isso, como se não fosse algo desejável somente para usos bons e corretos.

• New American Commentary – (Tm) Paulo exigiu que o bispo não fosse "um amante do dinheiro", ele pode estar dando a dica de que uma responsabilidade do bispo era lidar com as finanças da congregação. Um amante do dinheiro seria mesquinho e ávido. Ele teria em sua mente esquemas para ficar rico rápido em lugar das almas das pessoas. Tal ganância era uma característica distintiva dos falsos mestre em Éfeso (1 Tim 6:5-10). Um líder cristão ter a mesma enfermidade espiritual seria uma doença fatal para a propagação da verdade.
(Tt) A característica negativa final é que o ancião não busca ganho desonesto. Esta característica final oferece várias interpretações, sugerindo que o ancião (1) esteja honrosamente empregado, (2) seja absolutamente honesto em questões de dinheiro incluindo aquelas que envolvem a igreja, ou (3) não use o seu serviço cristão como uma oportunidade para lucro financeiro.

William MacDonald (Tm) um bispo não deve ser ganancioso ou avarento, ou seja, amante do dinheiro. Aqui, o destaque está na palavra "amante". Ele deve se preocupar com a vida espiritual das pessoas de Deus e não ter a atenção desviada pelo forte desejo de bens materiais. (Tt) Ele não deve ser cobiçoso de torpe ganância, insaciavelmente determinado a ficar rico, mas negligente quanto aos meios empregados. É verdade, como disse Samuel Johnson, que "a cobiça insensível e sem remorsos pela riqueza é a corrupção extrema do homem degenerado". Um verdadeiro presbítero pode dizer com Paulo: "De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes" (At 20:33).

Conclusão


Vemos que que o presbítero é alguém que pouco interesse tem por dinheiro. O dinheiro é algo que meramente serve ao sustento dele e de sua família e é útil para fazer o bem e levar à frente a obra do Senhor. De resto, como Carson, Henry e até mesmo Calvino (de forma dura) apontam é alguém desapegado de bens materiais e dinheiro e que vive acima dessas coisas.
Homens consumistas, ostentadores, avarentos e os que têm desejo de enriquecer estão desqualificados para servir como presbíteros.


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Fontes
Comentário Bíblico Popular – Novo Testamento – William MacDonald – Ed. Mundo Cristão


The Broadman Bible Commentary – Broadman Press


The MacArthur Bible Commentary – Thomas Nelson Publishers


Bíblia OnLine 3.00 – SBB


Definindo o que são presbíteros – artigo de D.A.Carson - http://www.bomcaminho.com/dac001.htm


The New American Commentary – Broadman Press


Chave Linguística do Novo Testamento Grego – Ed. Vida Nova



Tradução (onde necessário): Juliano Heyse
matéria extraida do site:
http://www.bomcaminho.com/