quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Como Evitar Desequilíbrios Religiosos


por: Arthur W. Pink

Os nossos esforços para sermos corretos nos podem conduzir ao erro.
A operação do Espírito, no coração humano, não é inconsciente nem automática. A vontade e a inteligência humana devem ceder e cooperar com as benignas intenções de Deus. Penso que é neste ponto que muitos de nós se perdem. Ou tentamos nos tornar santos, e, então, falhamos miseravelmente; ou, então, procuramos atingir um estado de passividade espiritual, esperando que Deus aperfeiçoe nossa natureza, em santidade, como alguém que se assentasse esperando que um ovo de pintarroxo chocasse sozinho. Trabalhamos febrilmente, para conseguir o impossível, ou não trabalhamos de forma alguma. O Novo Testamento nada conhece da operação do Espírito em nós, à parte de nossa própria resposta moral favorável. Vigilância, oração, autodisciplina e aquiescência inteligente aos propósitos de Deus são indispensáveis para qualquer progresso real na santidade. Existem certas áreas de nossas vidas em que os nossos esforços para sermos corretos nos podem conduzir ao erro, a um erro tão grande que leva à própria deformação espiritual. Por exemplo:
1. Quando, em nossa determinação de nos tornarmos ousados, nos tornamos atrevidos. Coragem e mansidão são qualidades compatíveis; ambas eram encontradas em perfeitas proporções em Cristo, e ambas brilharam esplendidamente na confrontação com os seus adversários. Pedro, diante do sinédrio, e Paulo, diante do rei Ágripa, demonstraram ambas essas qualidades, ainda que noutra ocasião, quando a ousadia de Paulo temporariamente perdeu o seu amor e se tornou carnal, ele houvesse dito ao sumo sacerdote: “Deus há de ferir-te, parede branqueada”. No entanto, deve-se dar um crédito ao apóstolo, quando, ao perceber o que havia feito, desculpou-se imediatamente (At 23.1-5).
2) Quando, em nosso desejo de sermos francos, tornamo-nos rudes. Candura sem aspereza sempre se encontrou no homem Cristo Jesus. O crente que se vangloria de sempre chamar de ferro o que é de ferro, acabará chamando tudo pelo nome de ferro. Até o fogoso Pedro aprendeu que o amor não deixa escapar da boca tudo quanto sabe (1 Pe 4.8).
3) Quando, em nossos esforços para sermos vigilantes, ficamos a suspeitar de todos. Posto que há muitos adversários, somos tentados a ver inimigos onde nenhum deles existe. Por causa do conflito com o erro, tendemos a desenvolver um espírito de hostilidade para com todos quantos discordam de nós em qualquer coisa. Satanás pouco se importa se seguimos uma doutrina falsa ou se meramente nos tornamos amargos. Pois em ambos os casos ele sai vencedor.
4) Quando tentamos ser sérios e nos tornamos sombrios. Os santos sempre foram pessoas sérias, mas a melancolia é um defeito de caráter e jamais deveria ser mesclada com a piedade. A melancolia religiosa pode indicar a presença de incredulidade ou pecado, e, se deixarmos que tal melancolia prossiga por muito tempo, pode conduzir a graves perturbações mentais. A alegria é a grande terapia da mente. “Alegrai-vos sempre no Senhor” ( Fp 4.4).
5) Quando tencionamos ser conscienciosos e nos tornamos escrupulosos em demasia. Se o diabo não puder destruir a consciência, seus esforços se concentrarão na tentativa de enfermá-la. Conheço crentes que vivem em um estado de angústia permanente, temendo que venham a desagradar a Deus. Seu mundo de atos permitidos se torna mais e mais estreito, até que finalmente temem atirar-se nas atividades comuns da vida. E ainda acreditam que essa auto-tortura é uma prova de piedade.
Enquanto os filósofos religiosos buscam corrigir essa assimetria (que é comum à toda raça humana), pregando o “meio-termo áureo”, o cristianismo oferece um remédio muito mais eficaz. O cristianismo, estando de pleno acordo com todos os fatos da existência, leva em consideração este desequilíbrio moral da vida humana, e o medicamento que oferece não é uma nova filosofia, e sim uma nova vida. O ideal aspirado pelo crente não consiste em andar pelo caminho perfeito, mas em ser conformado à imagem de Cristo.

fonte:site editora fiel

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

pregação expositiva

Pregue para os Ignorantes, para os Céticos, e para os Pecadores
Por;Mark Dever
Freqüentemente me perguntam: "Como você aplica o texto em um sermão expositivo?"
Por trás dessa pergunta podem existir muitas suposições questionáveis. O inquiridor pode estar se lembrando de sermões “expositivos" que ele ouviu (ou talvez pregou) que não eram muito diferentes de algumas preleções bíblicas do seminário – bem estruturadas e precisas, mas demonstrando pouca urgência santificada ou sabedoria pastoral. Estes sermões expositivos podem ter tido pouca ou nenhuma aplicação. Por outro lado, o questionador pode simplesmente não ser capaz de reconhecer a aplicação quando ele a ouve.William Perkins, o grande teólogo puritano de século XVI em Cambridge, instruía os pregadores a imaginarem os vários tipos de ouvintes e refletir em aplicações para cada um deles – pecadores endurecidos, céticos argumentativos, santos cansados, jovens entusiasmados, e assim por diante.
"William Perkins, o grande teólogo puritano do século XVI em Cambridge, instruía os pregadores a imaginarem os vários tipos de ouvintes e refletir em aplicações para cada um deles."
O conselho de Perkins é muito útil, mas eu tenho esperança de que nós já estejamos fazendo isso. Eu gostaria de abordar o tópico da aplicação de uma maneira ligeiramente diferente: não só há diferentes tipos de ouvintes, mas também há diferentes tipos de aplicação. Ao tomarmos uma passagem da Palavra de Deus e a explicarmos com clareza, de modo convincente, até mesmo com urgência, há pelo menos três tipos diferentes de aplicação que refletem três tipos diferentes de problemas encontrados na peregrinação cristã. Primeiro, nós lutamos sob a aflição da ignorância. Segundo, nós brigamos com a dúvida, freqüentemente muito mais de que percebemos a princípio. Terceiro, nós ainda lutamos contra o pecado - tanto por atos de desobediência direta quanto por negligência pecaminosa. Como pregadores, desejamos ver transformações nessas três áreas, tanto em nós mesmos como em nossos ouvintes, toda vez que pregamos a Palavra de Deus. E cada um dos três problemas dá origem a um tipo diferente de aplicação legítima.
Ignorância
A ignorância é um problema fundamental em um mundo decaído. Nós afastamos Deus de nós. Nós nos excluímos do companheirismo direto com o nosso Criador. Não surpreende, então, que informar as pessoas da verdade sobre Deus é, em si mesmo, um tipo poderoso de aplicação - e nós precisamos desesperadamente dele.Isso não é desculpa para sermões frios e desapaixonados. Eu posso estar tão excitado (e até mais) em declarações indicativas quanto em ordens imperativas. As ordens do evangelho de arrepender-se e crer não significam nada à parte das declarações indicativas relativas a Deus, nós mesmos, e Cristo. Informação é vital. Nós somos chamados a ensinar a verdade e proclamar uma grande mensagem sobre Deus. Nós desejamos que as pessoas que ouvem nossas mensagens deixem de ser ignorantes e tornem-se conhecedoras da verdade. Tal informação cheia de sentimento é aplicação.
Dúvida
Dúvida é diferente de ignorância. Quando há dúvida, nós tomamos idéias ou verdades com as quais estamos familiarizados e as questionamos. Esse tipo de questionamento não é raro entre os cristãos. Na verdade, a dúvida pode ser um dos assuntos mais importantes a ser exaustivamente explorado e desafiado na nossa pregação. Tocar no assunto “dúvida” não é algo que um pregador usa para se aproximar de não-crentes em um pequeno exercício apologético pré-conversão. Algumas pessoas que sentam para ouvir sermões semana após semana podem conhecer muito bem todos os fatos que o pregador menciona sobre Cristo, ou Deus, ou Onésimo; mas eles podem ter lutado muito com dúvidas sobre se eles realmente acreditam que esses fatos são verdades. Às vezes as pessoas podem nem mesmo estar atentas às suas próprias dúvidas, muito menos são capazes de articulá-las como sendo dúvidas.
"Esteja certo de que as pessoas que escutam seus sermões estiveram lutando com a desobediência a Deus durante a semana que passou, e que eles quase certamente lutarão com a desobediência na semana que está apenas começando. Os pecados serão vários."
Mas quando começamos a considerar a Bíblia com um olhar mais criterioso, acabamos encontrando, arrastando-se nas sombras, incertezas e hesitações as quais nos deixam tristemente alertas daquela sacudida gravitacional de dúvida que nos conduz para fora do caminho do peregrino fiel. Para essas pessoas – e talvez para boa parte dos nossos próprios corações - nós queremos proclamar e encorajar a veracidade da Palavra de Deus e a urgência de crer nela. Nós somos chamados a incitar os ouvintes quanto à veracidade da Palavra de Deus. Nós queremos que as pessoas que ouvem nossas mensagens sejam transformadas da dúvida para a plena convicção na verdade. Tal pregação da verdade, urgente e perscrutadora, é aplicação.
Pecado
O pecado também é um problema neste mundo caído. Ignorância e dúvida podem ser, eles mesmos, pecados específicos ou o resultado de pecados específicos ou nem uma coisa nem outra. Mas o pecado é certamente mais do que negligência ou dúvida.Esteja certo de que as pessoas que escutam seus sermões estiveram lutando com a desobediência a Deus durante a semana que passou, e que eles quase certamente lutarão com a desobediência na semana que está apenas começando. Os pecados serão vários. Alguns serão desobediência de ação; outros serão desobediência de inação. Mas, independentemente de ser por comissão ou omissão, pecados são desobediência a Deus.Parte da pregação é desafiar o povo de Deus a uma santidade de vida que refletirá a santidade do próprio Deus. Assim, parte importante de aplicar a passagem das Escrituras é extrair as implicações daquela passagem para nossas ações nesta semana. Nós, como pregadores, somos chamados a exortar o povo de Deus para a obediência à Sua Palavra. Nós queremos que nossos ouvintes mudem da desobediência pecaminosa à obediência alegre e vibrante de acordo com a vontade de Deus revelada em Sua Palavra. Tal exortação à obediência certamente é aplicação.
O Evangelho
A principal mensagem que precisamos aplicar todas as vezes em que pregamos é o Evangelho. Algumas pessoas ainda não conhecem as boas novas de Jesus Cristo. E alguns deles podem até mesmo ter sentado sob a sua pregação por algum tempo - distraídos ou adormecidos ou sonhando acordados ou simplesmente não prestando atenção. Eles precisam ser informados do Evangelho. Eles precisam ouvir.Outros podem ter ouvido, compreendido, e talvez até mesmo aceito a verdade, mas agora podem estar passando por lutas com dúvidas sobre os próprios temas que você está abordando (ou assumindo) em sua mensagem. Tais pessoas precisam ser encorajadas a acreditar na verdade das boas novas de Cristo.
"Em todos os nossos sermões, nós deveríamos buscar aplicar o Evangelho informando, encorajando e exortando."
E, também, as pessoas podem ter ouvido e podem ter entendido, mas permanecem vagarosas em arrepender-se dos seus pecados. Elas podem até mesmo aceitar a verdade da mensagem do Evangelho, mas não querem renunciar aos seus pecados e confiar em Cristo. Para tais ouvintes, a aplicação mais poderosa que se pode fazer é exortá-los a odiar os seus pecados e correr para Cristo. Em todos os nossos sermões, nós deveríamos buscar aplicar o Evangelho informando, encorajando e exortando.Um desafio muito comum que nós pregadores enfrentamos ao aplicar a Palavra de Deus em nossos sermões é que indivíduos que experimentam problemas em alguma área específica pensarão que você não está aplicando as Escrituras em sua pregação porque você não está tratando do problema particular deles. Eles têm razão? Não necessariamente. Enquanto sua pregação poderia melhorar se você começasse a abordar mais freqüentemente ou mais completamente toda categoria, não é errado você pregar aos que precisam ser informados ou que precisam ser exortados a abandonar o pecado, mesmo que a pessoa que fala com você não esteja tão atenta a essa necessidade.Uma nota final. Provérbios 23:12 diz, "Aplica o coração ao ensino e os ouvidos às palavras do conhecimento". Em traduções inglesas*, parece que as palavras traduzidas "aplica" na Bíblia quase sempre (talvez sempre?) não tenha referência ao trabalho do pregador (como a homilética nos ensina) nem até mesmo ao do Espírito santo (como a teologia sistemática corretamente nos ensina) mas ao trabalho daquele que ouve a Palavra. Nós somos chamados a aplicar a Palavra aos nossos próprios corações, e aplicar-nos a esse trabalho.
Essa, talvez, é a aplicação mais importante que nós poderíamos fazer no próximo domingo para o benefício de todo o povo de Deus.
Fonte site: Bom caminho.com

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Unindo-se a Uma Igreja à Moda Antiga: de Clemente a Egeria

Michael A. G. Haykin obteve sua graduação em Filosofia, seu Mestrado em Religião e seu Doutorado (Th.D) em História da Igreja. Server como catedrático em História da Igreja e Espiritualidade Bíblica no Southern Baptist Theological Seminary, em Louisville (Kentucky). É o autor de Palavras de Amor: a Doçura do Amor e do Casamento nas Cartas de Cristãos (Editora Fiel, 2011) e Redescovering the Church Fathers (Crossway, 2011).

Como uma pessoa se unia a uma igreja nos primeiros dias do cristianismo? De um ponto de vista, a pergunta é fácil de responder. Em palavras simples, o batismo do crente era o rito de entrada na igreja até ao começo do século IV.
No entanto – e isto não é surpreendente –, havia algo mais.
Confissão e Batismo
O Novo Testamento descreve a igreja como uma congregação de crentes. O que eles criam? Como os apóstolos ensinaram, eles criam que Jesus é Senhor e que ele havia ressuscitado dentre os mortos (1 Co 12.3; 1.2; Rm 10.9). Além disso, eles criam que Jesus é o próprio Deus em carne (1 Jo 4.1-6). E criam na Trindade (Mt 28.19; 2 Co 13.14; Ef 4.4-6).
Para se unir a uma igreja, uma pessoa tinha de confessar formalmente este conjunto de verdades, "a fé" (Jd 3; 1 Tm 1.19), que também incluía outras crenças essenciais, como a volta de Cristo. Isso acontecia normalmente, conforme parece, na ocasião do batismo. Durante o batismo, um indivíduo afirmaria um tipo de credo que continha esses elementos essenciais da fé cristã e daria a sua anuência a esse credo (cf. 1 Tm 6.12).
Assim, inspirados por exemplos do Novo Testamento (ver Ef 4.4-6), afirmações de credos emergiram na era pós-apostólica. Por exemplo, Irineu (c. 130-200), bispo de Lion, citou o que pode ter sido a declaração de fé de sua própria igreja na obra Contra Heresias (180), sua defesa do cristianismo contra o gnosticismo.
A declaração começa por enfatizar que, em contrário à opinião do gnosticismo sobre o mundo, há "um único Deus, o Pai todo-poderoso, Criador do céu, da terra, do mar e tudo que neles há". Essa confissão prossegue e enfatiza que há também "um único Cristo Jesus, o Filho de Deus, que se encarnou para a nossa salvação", que sofreu, morreu, foi ressuscitado dos mortos, "ascendeu ao céu na carne" e virá novamente "do céu, na glória do Pai". O gnosticismo negava esses pontos, os quais são, todos, essenciais ao cristianismo apostólico. E uma pessoa tinha de afirmar essa declaração para ser recebida na igreja de Lion.
A necessidade de Catecismo
À medida que a igreja evangelizava o mundo greco-romano, encontrava pessoas que estavam preparadas para crer em Cristo Jesus como Salvador e Senhor, mas que desconheciam a Escritura e a teologia que ela continha. Por isso, a igreja precisava instruir ou catequizar as pessoas nas afirmações fundamentais do credo cristão. A igreja precisava ensinar às pessoas assuntos como a criação realizada por Deus e a vida de virtude que flui de uma verdadeira confissão. A catequese tinha, portanto, componentes bíblicos, doutrinários e morais.
Assim, por volta do final do século II, desenvolveram-se catecismos e o processo de catequizar. Por exemplo, o único outro escrito existente de Irineu é um catecismo, Demonstração da Pregação Apostólica (início dos anos 190). A primeira metade desta obra detalha a história da salvação, e a segunda metade apresenta provas da verdade do cristianismo com base no Antigo Testamento.
No século seguinte, há uma evidência clara – por exemplo, nos escritos de Hipólito de Roma (c. 170-230) –, de que a catequização podia levar três anos. E, embora a pessoa que estava sendo instruída (chamada de catecúmeno) fosse considerada um cristão, ela não podia tomar a Ceia do Senhor enquanto não fosse batizada. Como assegurou Justino Mártir (que morreu cerca de 165), autor cristão do século II, "ninguém tem a permissão de participar" da Ceia do Senhor "senão aquele que crê ser verdade o que ensinamos, aquele que foi lavado... e vive exatamente da maneira como Cristo nos legou" (Primeira Apologia, 66).
Durante o período de catequese, havia também um tempo em que os catecúmenos podiam fazer perguntas ao instrutor, que era freqüentemente um bispo. Egeria (que floresceu em 380-384), autora do final do século IV, observou isso quando visitou Jerusalém. Ela destacou que o resultado dessa catequização era que todos os crentes das igrejas em Jerusalém eram capazes de seguir as Escrituras quando elas eram lidas nos cultos da igreja. Foi somente com a propagação do batismo infantil no séculos V e VI que esse processo de catecismo cristão entrou em declínio.
Um passado utilázel
Quando estudamos o passado, não devemos privilegiar as questões que nossas próprias circunstâncias induzem. O passado tem de ser entendido, primeiramente, em seus próprios termos, em relação às questões que dominaram aquela época. No entanto, Deus nos deu a história como um meio de instrução (poderíamos, por exemplo, estabelecer uma analogia com Romanos 15.4). Portanto, a busca por um "passado utilizável" que lança luz sobre o presente é um exercício legítimo.
O que a investigação histórica que acabamos de realizar significa para nossa situação atual? Uma coisa é clara: muitas partes de um Ocidente outrora cristão estão se paganizando rapidamente. Por conseguinte, o tipo de instrução bíblica, doutrinária e moral que a igreja primitiva achou necessária está se tornando novamente essencial para nós.
Como aconteceu nos primeiros dias da fé cristã, acontece novamente hoje: entrar numa igreja local deve ser por meio de catecismo, credo e batismo – e nessa ordem.
 
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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Para Quem Pensa Estar em Pé (I)

Postado por Augustus Nicodemus Lopes

Faz alguns anos fui convidado para ser o preletor de uma conferência sobre santidade promovida por uma conhecida organização carismática no Brasil. O convite, bastante gentil, dizia em linhas gerais que o povo de Deus no Brasil havia experimentado nas últimas décadas ondas sobre ondas de avivamento. “O vento do Senhor tem soprado renovação sobre nós”, dizia o convite, mencionando em seguida o que considerava como evidências: o movimento brasileiro de missões, crescimento na área da ação social, seminários e institutos bíblicos cheios, o surgimento de uma nova onda de louvor e adoração, com bandas diferentes que “conseguem aquecer os nossos ambientes de culto”. O convite reconhecia, porém, que ainda havia muito que alcançar. Existia especialmente um assunto que não tinha recebido muita ênfase, dizia o convite, que era a santidade. E acrescentava: “Sentimos que precisamos batalhar por santidade. Por isto, estamos marcando uma conferência sobre Santidade...”

Dei graças a Deus pelo desejo daqueles irmãos em buscar mais santidade. Entretanto, por detrás dessa busca havia o conceito de que se pode ter um “avivamento” espiritual sem que haja ênfase em santidade! Parece que para estes irmãos — e muitos outros no Brasil — a prática dos chamados dons sobrenaturais (visões, sonhos, revelações, milagres, curas, línguas, profecias), “louvorzão”, ajuntamento de massas em eventos especiais, e coisas assim, são sinais de um verdadeiro avivamento. É esse o conceito de avivamento e plenitude do Espírito que permeia o evangelicalismo brasileiro em nossos dias. Parece que a atuação do Espírito, ou um avivamento, identifica-se mais com essas manifestações externas e com a chamada liberdade litúrgica, do que propriamente com o controle do Espírito Santo na vida de alguém, na vida da igreja, na vida de uma comunidade.

Lamentavelmente, os escândalos ocorridos nas igrejas vêm confirmar nosso entendimento de que em muitos ambientes evangélicos, a santidade de vida, a ética e a moralidade estão completamente desconectados da vida cristã, dos cultos, dos milagres, da prosperidade em geral.

Uma análise do conceito bíblico de santidade destacaria uma série de princípios cruciais, dos quais destaco alguns aqui (outros princípios serão mencionados num próximo post):

1) A santidade não tem nada a ver com usos e costumes.
Ser santo não é guardar uma série de regras e normas concernentes ao vestuário e tamanho do cabelo. Não é ser contra piercing, tatuagem, filmes da Disney, a Bíblia na Linguagem de Hoje. Não é só ouvir música evangélica, nunca ir à praia ou ao campo de futebol e nunca tomar um copo de vinho ou uma cerveja. Não é viver jejuando e orando, isolado dos outros, andar de paletó e gravata. Para muitos, santidade está ligada a esse tipo de coisas. Duvido que estas coisas funcionem. Elas não mortificam a inveja, a cobiça, a ganância, os pensamentos impuros, a raiva, a incredulidade, o temor dos homens, a preguiça, a mentira. Nenhuma dessas abstinências e regras conseguem, de fato, crucificar o velho homem com seus feitos. Elas têm aparência de piedade, mas não tem poder algum contra a carne. Foi o que Paulo tentou explicar aos colossenses, muito tempo atrás: “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Colossenses 2.23).

2) A santidade existe sem manifestações carismáticas e as manifestações carismáticas existem sem ela. I
sso fica muito claro na primeira carta de Paulo aos Coríntios. Provavelmente, a igreja de Corinto foi a igreja onde os dons espirituais, especialmente línguas, profecias, curas, visões e revelações, mais se manifestaram durante o período apostólico. Todavia, não existe uma igreja onde houve uma maior falta de santidade do que aquela. Ali, os seus membros estavam divididos por questões secundárias, havia a prática da imoralidade, culto à personalidade, suspeitas, heresias e a mais completa falta de amor e pureza, até mesmo na hora da celebração da Ceia do Senhor. Eles pensavam que eram espirituais, mas Paulo os chama de carnais (1Coríntios 3.1-3). As manifestações espirituais podem ocorrer até mesmo através de pessoas como Judas, que juntamente com os demais apóstolos, curou enfermos e ressuscitou mortos (Marcos 10.1-8). No dia do juízo, o Senhor Jesus irá expulsar de sua presença aqueles que praticam a iniqüidade, mesmo que eles tenham expelido demônios e curado enfermos (Mateus 7.22-23).

3) A santidade implica principalmente na mortificação do pecado que habita em nós.
Apesar de regenerados e de possuirmos uma nova natureza, o velho homem permanece em nós e carece de ser mortificado diariamente, pelo poder do Espírito Santo. É necessário mais poder espiritual para dominar as paixões carnais do que para expelir demônios. E, a julgar pelo que estamos vendo, estamos muito longe de estar vivendo uma grande efusão do Espírito. Onde as paixões carnais se manifestam, não há santidade, mesmo que doentes sejam curados, línguas “estranhas” sejam faladas e demônios sejam expulsos. Não há nenhuma passagem em toda a Bíblia que faça a conexão direta entre santidade e manifestações carismáticas. Ao contrário, a Bíblia nos adverte constantemente contra falsos profetas, Satanás e seus emissários, cujo sinal característico é a operação de sinais e prodígios, ver Mateus 24.24; Marcos 13.22; 2Tessalonicenses 2.9; Apocalipse 13.13; Apocalipse 16.14.

4) O poder da santidade provém da união com Cristo.
Ninguém é santo pela força de vontade, por mais que deseje. Não há poder em nós mesmos para mortificarmos as paixões carnais. Somente mediante a união com o Cristo crucificado e ressurreto é que teremos o poder necessário para subjugar a velha natureza e nos revestirmos da nova natureza, do novo homem, que é Cristo. O legalismo não consegue obter o poder espiritual necessário para vencer Adão. Somente Cristo pode vencer Adão. É somente mediante nossa união mística com o Cristo vivo que recebemos poder espiritual para vivermos uma vida santa, pura e limpa aqui nesse mundo. É mais difícil vencer o domínio de hábitos pecaminosos do que quebrar maldições, libertar enfermos, e receber prosperidade. O poder da ressurreição, contudo, triunfa sobre o pecado e sobre a morte. Quando “sabemos” que fomos crucificados com Cristo (Romanos 6.6), nos “consideramos” mortos para o pecado e vivos para Deus (Romanos 6.11), não permitimos que o pecado “reine” sobre nós (Romanos 6.12) e nem nos “oferecemos” a ele como escravos (Romanos 6.13), experimentamos a vitória sobre o pecado (Romanos 6.14). Aleluia!

5) A santidade é progressiva.
Ela não se obtém instantaneamente, por meio de alguma intervenção sobrenatural. Deus nunca prometeu que nos santificaria inteiramente e instantaneamente. Na verdade, os apóstolos escreveram as cartas do Novo Testamento exatamente para instruir os crentes no processo de santificação. Infelizmente, influenciados pelo pensamento de João Wesley – que noutros pontos tem sido inspiração para minha vida e de muitos outros –, alguns buscam a santificação instantânea, ou a experiência do amor perfeito, esquecidos que a pureza de vida e a santidade de coração são advindas de um processo diário, progressivo e incompleto aqui nesse mundo.
6) A santificação é um processo irresistível na vida do verdadeiro salvo.
Deus escolheu um povo para que fosse santo. O alvo da escolha de Deus é que sejamos santos e irrepreensíveis diante dele (Efésios 1.4). Deus nos escolheu para a salvação mediante a santificação do Espírito (2Tessalonicenses 2.13). Fomos predestinados para sermoas conformes à imagem de Jesus Cristo (Romanos 8.29). Muito embora o verdadeiro crente tropece, caia, falhe miseravelmente, ele não permanecerá caído. Será levantado por força do propósito de Deus, mediante o Espírito. Sua consciência não vai deixá-lo em paz. Ele não conseguirá amar o pecado, viver no pecado, viver na prática do pecado. Ele vai fazer como o filho pródigo, “Levantar-me-ei e irei ter com o meu Pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Lucas 15.18). Ninguém que vive na prática do pecado, da corrupção, da imoralidade, da impiedade, – e gosta disso – pode dizer que é salvo, filho de Deus, por mais próspero que seja financeiramente, por mais milagres que tenha realizado e por mais experiências sobrenaturais que tenha tido.


Estava certo o convite que recebi naquele dia: precisamos de santidade!E como!                                                                                                                                                                         E a começar em mim.Tenha misericórdia, ó Deus
Blog :o tempora,o mores

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Igreja evangélica é fechada por causa dos gritos de louvores dos fiéis

Interior de AL:
Uma decisão judicial expedida pelo juiz da 3ª Vara Civil de Penedo, Luciano Américo Galvão Filho, resultou na interdição da Igreja Assembleia de Deus da Missão, localizada na Rua Ulisses Batinga, centro da cidade ribeirinha.
Segundo o mandado judicial, o que motivou a decisão do magistrado foi um descumprimento a uma ordem da justiça que por diversas vezes tentou entrar em acordo com os responsáveis pela denominação religiosa que há tempos estava em conflito com vizinhos da sede devido ao excesso de barulho.
Segundo o advogado José Glivaldo Souza Nunes, o templo evangélico foi advertido várias vezes devido ao barulho que incomodava vizinhos da igreja, principalmente pessoas idosas. Ainda de acordo com o advogado, uma planta falsa do imóvel onde funciona o templo evangélico chegou a ser apresentada à justiça, sendo alegado que uma das paredes de uma residência vizinha pertencia a igreja, sendo o fato constatado pelo dono da casa que provou o inverso.
As audiências ainda sugeriram um limite de horário para os gritos de louvores ou mesmo o revestimento das paredes com espuma, o que geraria um ambiente acústico e sem causar transtornos para os reclamantes. “Todas as possibilidades foram discutidas e algumas idéias acatadas pelos responsáveis da Igreja, no entanto, o desrespeito ao acordo resultou na interdição do local”, declarou o advogado.
De acordo com uma moradora que preferiu não ser identificada, não seria nada demais a prática religiosa no local, no entanto, o barulho é muito alto e realmente incomoda aos vizinhos. “Se os fieis da igreja tem o direito de praticar a sua fé, nós também temos o direito de termos o silêncio garantido dentro de nossas casas. Também sou cristã e não acredito que Jesus Cristo seja surdo”, finalizou a moradora.
Através do advogado José Glivaldo ficamos sabendo que a Igreja Assembleia de Deus da Missão já recorreu da decisão ao Tribunal de Justiça de Alagoas, mas a sentença foi mantida. Nenhum líder religioso foi encontrado para comentar o assunto até o fechamento desta matéria



Da Redação ChicoSabeTudo
Fonte: Aquiacontece