sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Quando se Justifica sair de uma Igreja?

Quando se Justifica sair de uma Igreja?


Por: Greg Loren Durand

Introdução:
         Deus ordena em Sua Palavra que nos identifiquemos publicamente com Seu Pacto, unindo-nos à Igreja visível (institucional) (Atos 2:46-47; Efésios 4:16) e submetendo-nos àqueles presbíteros que foram colocados por Ele em posição de autoridade (Atos 20:28; Hebreus 13;17).
         É um grande pecado permanecer fora das paredes da Igreja visível, como fazem os que participam do movimento independente da “igreja Familiar” (Hebreus 10:25). Isso consiste num espírito de anarquia que contradiz a estrutura hierárquica da vida que a Bíblia estabelece para o cristão (Êxodo 20:12; 1Samuel 15:23).
         Nossa insubmissão à autoridade ordenada por Deus no Corpo de Cristo pode bem ser castigada de maneira igual à insubmissão de nossos próprios filhos à nossa autoridade (Isaías 3:4-5; Oséias 4:6).
         É frequente o caso em que Deus usa uma variação de nossos próprios pecados para julgar-nos por nossa desobediência à Sua Palavra: “Eis que o ímpio está com dores de iniquidade; concebeu a malícia e dá à luz a mentira. Abre, e aprofunda uma cova, e cai nesse mesmo poço que faz. A sua malícia recai sobre a cabeça, e sobre a própria nuca desce a sua violência.” (Salmo 7:14-16).
         Tendo dito isso, as perguntas que poderiam surgir são: Os nossos votos de membresia pública em uma igreja são irrevogáveis? Quando um cristão se une a uma igreja, ele entra de fato numa relação que, por prudência própria, não pode ser dissolvida?
Argumentos Incorretos Concernentes aos Vínculos Pactuais
         Há uma crença crescente entre muitos líderes de igreja de que os votos de membresia de um cristão junto à sua congregação local tem de ser vistos no mesmo nível do Pacto da Graça entre Deus e Seu Filho, e, através de Seu Filho, com Seus eleitos. Assim, como os eleitos estão para sempre unidos a Cristo pelos vínculos pactuais do Pai, assim também o cristão individual está ligado a sua congregação local. Segundo essa visão a saída é raramente, se é que alguma vez , uma opção.
         O problema com essa perspectiva é que intenta igualar os pactos feitos entre os homens com aquele que Deus estabeleceu entre Si mesmo e Jesus Cristo. O erro fatal nessa linha de pensamento é que embora as duas Partes do Pacto da Graça (Pai e Filho) sejam ambas eterna e infinitamente perfeitas, as partas em um pacto terreno não o são. O Pai nunca deixará de cumprir Suas promessas ao Filho, e o Filho nunca falhará em cumprir Suas obrigações para com o Pai. Sendo assim, em um pacto entre homens tal perfeição nunca pode ser alcançada. Os homens mortais, mesmo aqueles que foram regenerados pelo Espírito de Deus, são necessariamente propensos a falhar no cumprimento de suas obrigações.
         É provável que em algum momento, uma ou outra parte viole os termos do pacto, fazendo-o consequentemente nulo e inválido. Portanto, esperar um pacto infalível entre homens falíveis é demonstrar enorme ignorância sobre a natureza caída do homem.
         Outra perspectiva que está ganhando popularidade em muitos círculos cristãos é a de que os votos de membresia são tão obrigatórios como o são os votos de matrimônio. Alega-se que do mesmo como Deus odeia o divórcio, ele também odeia que alguém se separe da congregação à qual está unido.
         Mais uma vez, a superficialidade dessa posição é facilmente demonstrada. Embora as Escritura declarem em muitos lugares que um homem e uma mulher se tornam “uma só carne” (Mateus 19:6; Efésios 5:31) por meio do matrimônio, e “desse modo, o que Deus uniu, o homem não separe” (Mateus 19:6b), tal analogia é bastante forçada quando aplicada à membresia na igreja. A relação matrimonial entre o homem e sua esposa é de um para com o outro não somente no nível emocional, mas também em um nível sexual. É por essa razão que a união matrimonial não pode ser rompida, exceto em casos de adultério (Mateus 19:8) ou deserção (1Coríntios 7:15).
         Embora haja similaridades, a relação que um cristão desfruta com sua congregação local nunca alcança a intimidade da relação matrimonial, nem tem esse propósito. Além do mais, um dos propósitos primários da união do homem com sua esposa é a propagação da “descendência para Deus” (Malaquias 2:15). É responsabilidade do esposo-pai supervisionar a instrução espiritual e “terrena” de seus filhos. A igreja local é um dos meios pelos quais essa responsabilidade é cumprida. A igreja local não propaga a família; ela existe para o crescimento espiritual e o bem-estar da família.
         A Bíblia não diz nada acerca de nosso matrimônio, como Cristãos individuais, com uma congregação local, embora certamente tenha muito o que dizer sobre o matrimônio da Igreja invisível (os eleitos) com Cristo (Efésios 5:23-27; Apocalipse 21:2). Como na visão anterior, esse argumento de que a membresia da igreja se iguala com o matrimônio também sofre do mal de tentar comparar “as maças com as laranjas”.
A Importância da Renovação Pactual
         Assim, havendo estabelecido que a membresia da igreja é um pacto dissolúvel feito entre partes falíveis (o cristão individual e o pastor e os presbíteros), estaríamos declarando com isto que tal pacto pode ser feito levianamente? De maneira alguma. Embora seja evidente que um pacto é tornado nulo no mesmo instante em que seus termos são violados por uma das partes, isto não exclui uma renovação pactual entre as partes separadas.
         Dentro da igreja visível essa renovação é realizada por meio do arrependimento e perdão. É responsabilidade dos cristãos prover tempo para o arrependimento por parte do ofensor, sendo a quantidade de tempo determinada pela natureza da ofensa. Porém, a separação imediata de um irmão que errou não é algo que está de acordo com a natureza de Cristo, nem é útil para o bem-estar espiritual desse irmão (Tiago 5:19-20).
         Nosso objetivo final em qualquer desacordo é a restauração do companheirismo, ou uma renovação do pacto. Só depois de muito esforço e oração de nossa parte devemos deixar de lado a esperança de que tal renovação ocorra, abandonando-a completamente. Embora algumas vezes seja necessário tomar esse caminho (1 Coríntios 5:9-11) sempre deveríamos avaliar de antemão cuidadosamente a retidão de nossas ações, e buscar o conselho de outros irmãos piedosos na Fé (Provérbios 11:14).
         Aos presbíteros de uma igreja cristã foram dadas as “chaves do reino dos céus” (Mateus 16:19), que incluem o poder da excomunhão. Eles são comissionados por Cristo como Seus representantes para exortar o membro que pecou ao arrependimento e renovação de seu pacto com a Igreja visível. Se seus esforços resultam infrutíferos, devem retirar o nome desse irmão da membresia da igreja local e a partir desse momento considerá-lo como um descrente fora do Corpo de Cristo.
         Contudo, a escritura é bastante clara em mostrar que a excomunhão não é algo que se exerce somente contra membros da igreja que pecaram. Quando os próprios líderes de uma igreja são culpados de pecados pelos quais não se arrependeram e caíram coletivamente em apostasia, devem ser, em essência, excomungados do Corpo de Cristo pela igreja que lideram. O membro de uma tal igreja não se encontra debaixo de nenhum mandato bíblico para permanecer ali, apesar das declarações que eles façam quanto a ter autoridade sobre ele; e, de fato, DEVE sair se para permanecer fiel a Cristo (2 Coríntios 6:17; 2Timóteo 3:5; Apocalipse 18:4).
         Tal foi a posição dos Reformadores do século dezesseis, que não permaneceram dentro da igreja Católica Romana, embora buscando durante muitos anos de esforço reformá-la, ao fim, sem exceção, deixaram-na por ser a “aparência de Babilônia em lugar da santa cidade de Deus”. [1] Podemos, em nossa saída de uma igreja, ser acusados por seus líderes de causadores de divisão, porém nunca esqueçamos que o vitupério do perverso é a aprovação de nosso Senhor (Mateus 5:11-12).
         O puritano Peter Vinke ofereceu um ponto de vista valioso sobre este assunto quando escreveu:
         Deus nunca requereu de nós que nos unamos com qualquer pessoa ou igreja em seus pecados; muito menos que devamos pecar com o propósito de poder obter a salvação de Suas mãos. A norma de Deus é que não devemos “fazer males para que nos sobrevenham bens” (Romanos 3:8). E embora seja a comunhão deles com a igreja tão útil, se não se pode tê-la a não ser pecando, então é melhor não tê-la de modo algum. Se os termos e condições para a comunhão com eles têm qualquer coisa que ver com seus pecados, melhor seria que nos dissessem para irmos voar por aí ou contar a areia das praias; do que nos receberem em sua comunhão, ou que nos recebam e depois nos joguem fora. Pois tais coisas tanto são moralmente impraticáveis (o assentimento a qualquer erro, ou o consentimento com qualquer adoração falsa), como irrazoavelmente requeridas de nós, do mesmo modo que qualquer outra coisa que fosse naturalmente impossível pudesse ser alguma vez requerida de alguém. E se por causa disto sobrevier castigo a eles, a falta é deles que requereram tais coisas de nós; pois, sendo contrários à mente e à vontade de Deus, não podemos realizá-las. Por sermos inocentes, melhor dizendo, por termos confiado na fidelidade deles (como a pessoa inocente em um caso de divórcio), necessitamos ser libertos.
         É necessário algumas vezes sair de uma igreja visível. Além do mais; pode ser necessário pensar e agir diretamente contra a autoridade dessa igreja, se quisermos permanecer fiéis a Deus... [2]
         O peso da responsabilidade sobre os ombros dos varões cristãos é muito grande. Como cabeças pactuais de nossos lares Deus nos tem como responsáveis diretos pela criação espiritual de nossos filhos e pelo bem-estar espiritual de nossas famílias. Portanto, nos cumpre assegurarmos de forma completa que a igreja a qual nos unimos como membros é uma igreja Bíblica e que seu pastor e seus presbíteros estão buscando diligentemente obedecer a Palavra de Deus, não somente em suas atribuições como líderes, mas também em suas vidas particulares. Não é errado ou trivial avaliar estes homens em termos de seus próprios votos ao Corpo de Cristo, do mesmo modo que eles têm de nos avaliar pelos nossos.
         De fato, fechar os olhos ao erro e consentir com o pecado aberto entre os líderes de nossa igreja é trazer o juízo de Deus sobre nossas próprias cabeças. Um dos primeiros sinais desse juízo contra nós é uma falta de interesse pela pureza e a doutrina ou prática eclesiástica. É assim que começa a apostasia pessoal, e nossos filhos são, em última instância, os que vão sofrer por nossa complacência (Êxodo 20:5b).
Conclusão
         A decisão de sair de uma igreja é – muitas vezes – uma decisão muito difícil. As amizades e outros laços fortes podem fazer nossa partida emocionalmente dolorosa. Outra vez, tal decisão nunca deve ser feita “por puro capricho”, mas só depois de ter-se considerado cuidadosamente a situação à luz da Escritura e o conselho de outros cristãos maduros. Mantenhamos sempre em mente que até a mais pura das igrejas está sujeita ao erro, isto é inevitável pois tal igreja é formada por homens falíveis, o que inclui nós mesmos. Encerremos com as seguintes palavras de João Calvino:
... “isto é, onde permanece este ministério [o da Palavra do Senhor] em sua integridade, ali há igreja; e, portanto, não deixa de chamar-se igreja porque existem alguns vícios e faltas nos costumes. Ademais, este ministério não deixa de ser legítimo por ver-se manchado com faltas ocasionais.
         Temos mostrado também que os erros que devem perdoar-se são os que não destroem nenhum dos pontos principais da religião cristã, ou vão contra os artigos da fé, nos quais todos os fiéis devem concordar, e não divergir.
         Quanto aos sacramentos, não devem ser diminuídas as faltas que o menosprezam e desfazem a instituição do Senhor.
         Onde a mentira destrói os pontos fundamentais da doutrina cristã, não há igreja. Mas, se ocorrer que a mentira acometa os pontos principais da doutrina, e destruir o que é necessário entender dos sacramentos, a tal ponto que não sirva de nada o usarmos, sobrevêm então, sem dúvida, a ruína da igreja; como um homem cuja garganta ou coração foram cortados.


Naquele que deu a sua vida pela sua igreja..... Cristo Jesus
Kleber Santos


NOTAS:
[1] - João Calvino, Institutas da Religião Cristã, Livro IV, Capítulo II:12.
[2] - Peter Vinke, Separados por Causa Do Nome de Cristo.
[3] - Calvino, Instituas, Livro IV, Capítulo II:1.
Traduzido por: Márcio Santana Sobrinho

Este artigo é parte integrante do portal http://www.monergismo.com/. Exerça seu Cristianismo: se vai usar nosso material, cite o autor, o tradutor (quando for o caso), a editora (quando for o caso) e o nosso endereço. Contudo, ao invés de copiar o artigo, preferimos que seja feito apenas um link para o mesmo, exceto quando em circulações via e-mail. 

sábado, 5 de outubro de 2013

G12 ou M12 É MESMA COISA! É UM CANCER NA IGREJA DO BRASIL.

 
G12 OU M12 ?
       Explico, G12 significa GOVERNO dos 12. M12,significa MODELO dos 12. Entendeu? não ?, o G é o colombiano,O M é do baiano. é mesma doença.
     Esses dois já comungaram juntos, mas depois de algumas desavenças racharam. algo do tipo quem manda!!!!,
 
       Esse movimento é um câncer maligno na igreja do Brasil. A onde ele chega cauteriza a mente de todos.
 
       O antídoto para curar quem foi infectado por esse câncer, precisa pedir perdão a DEUS confessar os seus pecados de rebeldia e retornar ao verdadeiro Evangelho de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo, e seu precioso Sangue purificará de toda a imundícia.
 
 
Que Deus tenha Misericórdia de sua igreja no Brasil.
 
Em Cristo Jesus
Kleber Santos
 
 
 
 

VALDEMIRO,MACEDO,MARINA ,CAIO,ETC'S!!!!

Todos,fora dos planos de Deus!, infelizmente.

Quem segui VALDEMIRO, nunca conheceu o verdadeiro evangelho.
Quem segui MACEDO, pior ainda. não tem nada a perder mesmo.
Quem vota na irmã MARINA, vai perder o voto e uma grande oportunidade de ter outra escolha.
Quem segui ,toma conselho, e viaja na maionese do CAIO, vai acabar se lambuzando todo.

porém todos "eles", são dignos de nossas orações e suplicas a DEUS.

Amém?

Em Cristo Jesus
Kleber Santos

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O PODER DO NOME DE JESUS


O PODER DO NOME DE JESUS CRISTO
"ATOS 3:1- 4:4"

Atos 3 e 4 enfatizam o nome do Senhor Jesus (At 3:6, 16; 4:7, 10, 12, 17, 18, 30). É evidente que um nome envolve muito mais do que uma forma de identificação. Pode implicar autoridade, reputação e poder. Quando alguém diz: "Use meu nome!", esperamos sinceramente que seja digno de ser usado. Se uma ordem é dada no nome do presidente da República ou do primeiro-ministro, os que a recebem são obrigados a obedecer.

Se eu tentasse dar ordens no lugar dessas autoridades (supondo que conseguisse fazer isso), ninguém prestaria muita atenção, pois meu nome não tem o respaldo de qualquer autoridade oficial. Mas o nome do Senhor Jesus tem toda autoridade, pois ele é o Filho de Deus (Mt 28:18).

Uma vez que seu nome "está acima de todo nome" (Fp 2:9-11), Jesus merece nossa adoração e obediência. A grande preocupação dos primeiros cristãos era que o nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus, fosse glorificado, e os cristãos de hoje devem ter a mesma motivação. Ao estudar esta seção, convém observar que ela apresenta forte ênfase sobre os judeus.

Pedro dirigiu-se aos homens judeus (At 3:12) e os chamou de "filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais" (At 3:25). Fez referência aos patriarcas de Israel (At 3:13) e também aos profetas (At 3:18,21-25).

A expressão "tempos da restauração" (At 3:21) é, sem dúvida alguma, de caráter judaico e se refere ao rei- no messiânico prometido pelos profetas. Nestes capítulos, a mensagem continua sendo transmitida "primeiramente a vós outros [os judeus]" (At 3:26) e apresentada em termos judaicos. Há três estágios neste evento, e cada estágio revela algo maravilhoso sobre Jesus Cristo.

1.     ADMIRAÇÃO: JESUS, O MÉDICO (AT.3:1-10)

      Os cristãos ainda estavam ligados ao templo e às horas tradicionais de oração (SI 55:17; Dn 6:10; At 10:30). É importante lembrar que Atos 1 a 10 descreve uma transição de Israel para os gentios, do "cristianismo judaico" (ver At 21:20) para "um só corpo" constituído tanto de judeus quanto de gentios.

Só depois de vários anos os cristãos judeus compreenderam inteiramente o lugar dos gentios nos planos de Deus, e essa compreensão não se deu sem conflitos.

O contraste entre Atos 2 e 3 é interessante: Pedro, o pregador - Pedro o obreiro pessoal; multidões - um homem pobre; ministério que resultou em bênção - ministério que resultou em prisão e perseguição. Os acontecimentos em Atos 3 exemplificam a última frase de Atos 2:47 e mostram como o Senhor acrescentava membros a sua Igreja diariamente.

Apesar de o Espírito Santo não ser citado nesse capítulo, certamente atuava por meio dos apóstolos, realizando seu ministério de glorificação de Jesus Cristo (Jo 16:14). Pedro e João são vistos juntos com frequência ao longo das Escrituras.

 Eram sócios no negócio de pesca (Lc 5:10); prepararam a última Páscoa dos judeus para Jesus (Lc 22:8); correram para o sepulcro na manhã do primeiro domingo de Páscoa (Jo 20:3, 4); e ministraram aos samaritanos que creram em Jesus Cristo (At 8:14). Uma vez que viviam na plenitude do Espírito Santo, os discípulos deixaram de competir por grandeza e, finalmente, passaram a trabalhar juntos com afinco para edificar a Igreja (SI 133).

O fato de Pedro notar esse mendigo coxo é outra evidência do ministério do Espírito. Sem dúvida, milhares de pessoas encontravam-se aglomeradas perto do templo (At 4:4) e, no meio dessa multidão, havia ATOS 3:1 - 4:4 Inúmeros mendigos, mas o Senhor ordenou a Pedro que curasse um mendigo coxo que se encontrava junto à Porta Formosa.

Havia nove portas que davam acesso ao pátio dos gentios e ao templo propriamente dito. Os estudiosos não apresentam um consenso, mas é provável que a Porta Formosa fosse a "Porta Oriental" que dava acesso ao pátio das mulheres. A porta era feita de bronze de Corinto e parecia de ouro; sem dúvida, um excelente lugar para um homem coxo pedir esmolas.

A prática de dar esmolas era parte importante da fé judaica, e as cercanias do templo eram uma região lucrativa para os mendigos. Uma vez que os recursos dos cristãos eram comunitários (At 2:44, 45), os dois apóstolos não tinham dinheiro para dar; mas a maior necessidade daquele homem não era financeira.

Precisava de salvação para sua alma e de cura para o corpo, e dinheiro não lhe daria nem uma coisa nem outra. Pelo poder do nome de Jesus, o mendigo foi completamente curado e ficou tão contente e entusiasmado que parecia uma criança, saltando de um lado para o outro e louvando a Deus.

É fácil ver nesse homem uma ilustração da salvação. Ele nasceu coxo; todos nós nascemos sem poder andar de maneira agradável a Deus. Adão, nosso antepassado, caiu e passou sua deficiência adiante para todos os seus descendentes (Rm 5:12- 21).

 O homem era pobre; como pecadores, estamos falidos diante de Deus, incapazes de pagar a dívida tremenda que temos com ele (Lc 7:36-50). Estava "fora do templo"; por mais perto da porta que fiquem, todos os pecadores encontram-se longe de Deus. a homem foi curado totalmente pela graça de Deus. Sua cura foi imediata (Ef 2:8, 9).

Deu provas do que Deus havia feito: de um salto se pôs em pé, passou a andar [...] saltando e louvando a Deus" (At 3:8). Identificou-se publicamente com os apóstolos, tanto quando foram ao templo (At 3:11) quanto na ocasião em que foram presos (At 4:14). Ao ser capaz de andar, não deixou dúvidas sobre de que lado estava!

2.     ACUSAÇÃO: JESUS, O filho DE DEUS (AT 3:11-16)

A cura do mendigo coxo fez a multidão ajuntar-se ao redor dos três. O Pórtico de Salomão, do lado leste do templo, era um corredor onde Jesus havia ministrado ( jo 10:23) e onde a igreja reunia-se para adorar (At 5:12). Em seu sermão de Pentecostes, Pedro refutara a acusação de que os cristãos estivessem embriagados.

Neste sermão, teve de refutar a ideia de que ele e João haviam curado o homem com o próprio poder (Paulo e Barnabé enfrentaram uma situação semelhante depois de curarem um coxo; ver Atos 14:8-18). Pedro esclareceu de imediato a fonte do milagre: Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Com toda sabedoria, o apóstolo afirmou que Aquele era o Deus de seus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Sem dúvida, o Espírito encheu Pedro de ousadia de modo que ele lembrasse os judeus da forma como haviam tratado Jesus. Eles o haviam negado e entregado para ser crucificado.

Além disso, pediram que Barrabás, um homem culpado, fosse solto para que Jesus, um prisioneiro inocente, fosse crucificado! A fim de convencê-los de seus crimes, Pedro usou vários nomes e títulos diferentes para o Senhor: Filho de Deus, Jesus, o Santo, o Justo, o Autor da vida. Os judeus não haviam entregue um homem qualquer para ser crucificado pelos romanos! O Calvário pode ter sido a última palavra do ser humano, mas o sepulcro vazio foi a última palavra de Deus. Ele glorificou seu Filho ressuscitando-o dentre os mortos e levando-o de volta ao céu.

O Cristo entronizado havia enviado seu Espírito Santo e operava no mundo por meio da Igreja. O mendigo curado era prova de que Jesus estava vivo. Se havia um povo culpado, era aquele ao qual Pedro se dirigiu no templo. Eram culpados de matar o próprio Messias! Hoje em dia, é bem provável que ninguém fizesse uma mensagem desse tipo em uma reunião evangelística, pois essas palavras eram voltadas especificamente ao público judeu de Pedro.

Assim como em Pentecostes, Pedro falava a pessoas que ATOS 3:1 - 4:4 conheciam as Escrituras e que estavam a par dos últimos acontecimentos em Jerusalém (ver Lc 24:18). Não era um grupo de pagãos ignorantes sem qualquer conhecimento religioso.

Além disso, os líderes judeus haviam, de fato, cometido uma grande injustiça ao prender e condenar Jesus e pedir a Pilatos que o crucificasse. Não sabemos quantos cidadãos concordaram com essa decisão, mas podemos imaginar o remorso do povo ao descobrir que haviam traído e assassina- do o próprio Messias. Antes de o pecador experimentar a conversão, precisa ser convencido da culpa de seus pecados.

A menos que um paciente esteja convencido de que está enfermo, jamais aceitará qualquer diagnóstico nem fará qualquer tratamento. Pedro transformou o templo em um tribunal e apresentou ao público todas as provas. De que maneira dois simples pescadores poderiam realizar tamanho milagre senão pelo poder de Deus? Ninguém ousaria negar o milagre, pois o mendigo estava lá, diante de todos, em "saúde perfeita" (At 3:16; 4:14). Se aceitassem o milagre, teriam de reconhecer que Jesus Cristo é, verdadeiramente, o Filho de Deus e que seu nome tem poder.
 
 
Naquele que tem todo poder...
Em Cristo Jesus
Kleber Santos
Comentário Bíblico Expositivo -
Novo Testamento Volume I -
 WARREN W. WIERSBE
Editora Geográfica
 

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O NASCIMENTO DO REI - MATEUS CAP.1


O NASCIMENTO DO REI

MATEUS CAPITULO 1

Se um homem aparece de repente dizendo ser rei, a primeira coisa que as pessoas querem ver são as provas. De onde vem? Quem são seus súditos? Quais são suas credenciais? Prevendo essas perguntas importantes, Mateus começa seu livro com um relato detalhado do nascimento de Jesus Cristo e dos acontecimentos subsequentes. Ele apresenta quatro fatos sobre o Rei.

A LINHAGEM DO REI (MT 1:1-25)

Uma vez que a realeza depende da linhagem, era importante determinar o direito de Jesus ao trono de Davi. Mateus apresenta a linhagem humana de Jesus (Mt 1:1-17) bem como a divina (Mt 1:18-25).

A linhagem humana (vv. 1-17). Os judeus davam grande importância às genealogias, pois, sem elas, não podiam provar que faziam parte de determinada tribo nem quem possuía direito de herança. Qualquer um que afirmasse ser "filho de Davi" deveria ser capaz de provar tal asserção.

Costuma-se concluir que Mateus apresenta a genealogia de Jesus pelo seu padrasto, José, enquanto Lucas fornece a linhagem de Maria (Lc 3:23ss). Muitos leitores pulam essa lista de nomes antigos (e, em alguns casos, impronunciáveis). Mas essa "lista de nome" é essencial para o registro do Evangelho, pois mostra que Jesus Cristo faz parte da história. Mostra também que toda a história de Israel preparou o cenário para seu nascimento. Em sua providência, Deus governou e prevaleceu sobre os acontecimentos históricos, a fim de realizar seu grande propósito de trazer seu Filho ao mundo.

Essa genealogia também ilustra a maravilhosa graça de Deus. É muito raro encontrar nomes de mulheres em genealogias judaicas, pois os nomes e heranças eram passados para os homens.

No entanto, encontramos nessa lista referências a quatro mulheres do Antigo Testamento: Tamar (Mt 1:3), Raabe e Rute (Mt 1:5), e Bate-Seba, "a que fora mulher de Urias" (Mt 1:6). Fica claro que Mateus deixa alguns nomes de fora dessa genealogia.

É provável que tenha feito isso a fim de apresentar um sumário sistemático de três períodos na história de Israel, cada um com catorze gerações. O valor numérico das letras em hebraico para "Davi" é igual a catorze. Talvez Mateus tenha usado essa abordagem a fim de ajudar seus leitores a memorizar essa lista complicada.

Muitos judeus eram descendentes do rei Davi. Seria preciso mais do que um certificado de linhagem para provar que Jesus Cristo era "filho de Davi" e herdeiro do trono de Davi. Daí a grande importância de sua linhagem divina.

A linhagem divina (vv. 18-25). Mateus 1:16 e 18 deixam claro que o nascimento de Jesus Cristo foi diferente daquele de qual- quer outro menino judeu mencionado na genealogia.

Mateus ressalta que José não "gerou" Jesus Cristo. Antes, José foi "marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo". Jesus nasceu de uma mãe terrena, sem a necessidade de um pai terreno. Esse fato é chamado de doutrina do nascimento virginal.

Cada criança que nasce é uma criatura totalmente nova. Mas Jesus Cristo, sendo o Deus eterno (Jo 1:1,14), existia antes de Maria, de José ou de qualquer outro de seus antepassados.

Se Jesus Cristo tivesse sido concebido da mesma forma que qualquer outra criança, não poderia ser Deus. Era necessário que viesse ao mundo por meio de uma mãe terrena, mas sem ser gerado por um pai terreno. Assim, por um milagre do Espírito Santo, Jesus foi concebido no ventre de Maria, uma virgem (Lc 1:26-38).

Há quem questione se, de fato, Maria era virgem, dizendo que "virgem", em Mateus 1:23, deve ser traduzido por "moça". Porém, a palavra traduzida por virgem nesse versículo tem sempre esse significado e não permite qualquer outra tradução, nem mesmo "moça". Tanto Maria quanto José pertenciam à casa de Davi.

As profecias do Antigo Testamento afirmavam que o Messias nasceria de uma mulher (Gn 3:15), da descendência de Abraão (Gn 22:18), pela tribo de Judá (Gn 49:10) e da família de Davi (2 Sm 7:12, 13).

A genealogia de Mateus acompanha a linhagem através de Salomão, enquanto Lucas acompanha sua linhagem através de Natã, outro filho de Davi. É interessante observar que Jesus Cristo é o único judeu vivo que pode provar seu direito ao trono de Davi! Todos os outros registros foram destruídos quando os Romanos tomaram Jerusalém em 70 d.C.

 Para o povo judeu daquela época, o noivado equivalia ao casamento - exceto pelo fato de que o homem e a mulher não coabitavam. Os noivos eram chamados de "marido e esposa", e, ao fim do período de noivado, o casamento era consumado.

Se uma mulher que estava noiva ficava grávida, isso era considerado adultério (ver Dt 22:13- 21). Porém, José não pediu nenhuma punição nem o divórcio quando descobriu que Maria estava grávida, pois o Senhor havia lhe revelado a verdade. Todas essas coisas cumpriram Isaías 7:14. Antes de terminar nosso estudo desta seção importante, devemos considerar três nomes dados ao Filho de Deus.

O nome Jesus significa "Salvador" e vem do hebraico Josué ("Jeová é salvação"). Havia muitos meninos judeus chamados Josué (ou, no grego, Jesus), mas o filho de Maria chamava-se "Jesus o Cristo". O termo Cristo quer dizer "ungido" e é o equivalente grego da designação Messias.

Ele é "Jesus o Messias". Jesus é o seu nome humano; Cristo (Messias) é o seu título oficial; e Emanuel descreve quem ele é - "Deus conosco". Jesus Cristo é Deus l Encontramos a designação "Emanuel" em Isaías 7:14 e 8:8. Assim, o Rei era um homem judeu e também o Filho de Deus. Mas será que alguém reconheceu sua realeza? Sim, os magos que vieram do Oriente e o adoraram.

 

Naquele que nasceu, morreu e ressuscitou por mim e por você ; Cristo Jesus ,O Rei dos reis!

Kleber Santos

Comentário Bíblico Expositivo - Novo Testamento Volume I - WARREN W. WIERSBE

Editora Geográfica

terça-feira, 17 de setembro de 2013

CONTRASTES E CONFLITOS EM JOÃO CAPITULO 8


CONTRASTES E CONFLITOS  
EM JOÃO CAPITULO 8

A história da mulher flagrada em adultério faz parte das Escrituras? Em caso afirmativo, onde se encaixa no relato dos Evangelhos? João 7:53 a 8:11 não aparece em alguns dos manuscritos antigos e, nos casos em que aparece, nem sempre se encontra nessa parte do Evangelho de João.

A maioria dos estudiosos concorda que essa passagem faz partes das Escrituras inspiradas (de acordo com F. F. Bruce, é "um fragmento de material autêntico do Evangelho"), onde quer que seja colocada. Para muitos de nós, essa história encaixasse perfeitamente aqui! Na verdade, o desenrolar de todo o capítulo pode muito bem ter se originado nesse acontecimento extraordinário no templo.

Sem dúvida, a declaração de Jesus sobre ser a Luz do mundo (Jo 8:12) é cabível nesse contexto, como também o são suas palavras sobre o verdadeiro e o falso julgamento (J0 8:15, 16, 26). A frase repetida: "perecereis no vosso pecado" (Jo 8:21, 24) pode claramente ser relacionada ao julgamento da mulher, e, na verdade, o capítulo termina com uma tentativa de apedrejar Jesus, um paralelo perfeito com o episódio inicial.

A transição de João 7:52 para 8:12 seria brusca demais sem essa passagem. Jesus viu-se novamente em conflito com os líderes religiosos judeus; dessa vez, porém, prepararam uma armadilha para ele na esperança de conseguir provas suficientes para prendê-lo e se livrar dele. Sua conspiração não deu certo, mas foi seguida de uma controvérsia. Neste capítulo, há uma série de contrastes que revelam a bondade de Cristo e a perversidade humana.

(GRAÇA E LEI - João 8:11)

A Festa dos Tabernáculos terminara, mas Jesus aproveitou a oportunidade para ministrar aos peregrinos que se encontravam no templo. Durante a festa, a notícia espalhou- se rapidamente: Jesus não apenas frequentava o templo, como ensinava publicamente naquele local (ver Lc 21 :37), no pátio das mulheres, onde ficava a tesouraria do templo (Jo 8:20). Os escribas e fariseus sabiam onde ele estaria, de modo que se uniram para tramar contra ele. Dificilmente um casal era pego no ato de adultério. Imaginamos se o homem (que, em momento algum, foi acusado!) fazia par- te da conspiração.

De acordo com a Lei, ambas as partes culpadas deveriam ser apedrejadas (Lv 20:10; Dt 22:22) e não apenas a mulher. É um tanto suspeito que o homem tenha sido liberado. Os escribas e fariseus trataram a questão de maneira brutal, interrompendo Jesus enquanto ensinava e empurrando a mulher para o meio do povo. É evidente que os líderes judeus tentavam colocar Jesus em uma situação sem saída.

Se ele dissesse que a mulher deveria ser apedrejada, perderia sua reputação de "amigo dos publicanos e pecadores". Sem dúvida, o povo o abandonaria e não aceitaria sua mensagem bondosa de perdão.

Mas, se dissesse que a mulher não deveria ser apedrejada, estaria transgredindo a Lei abertamente e poderia ser preso. Em mais de uma ocasião, os líderes religiosos tentaram jogar Jesus contra Moisés e, nessa situação, pareciam ter encontrado uma provocação perfeita (ver Jo 5:39-47; 6:32; 7:40 ).

Em vez de julgar a mulher, Jesus julgou os juízes! Certamente se indignou com a maneira como a trataram e com o fato de esses hipócritas condenarem outra pessoa em lugar de julgarem a si mesmos. Não sabemos o que estava escrevendo no chão de terra do templo. Será que simplesmente lembrava àqueles homens que os Dez Mandamentos haviam sido escritos "pelo dedo de Deus" (fx 31:18), e que ele era Deus? Ou, quem sabe, os lembrava da advertência em Jeremias 17:13?

De acordo com a Lei judaica, os acusadores deveriam atirar as primeiras pedras (Dt 17:7). Jesus não pedia que homens sem pecado julgassem a mulher, pois ele era a única Pessoa sem pecado ali presente. Se nossos juízes tivessem de ser perfeitos, os bancos dos tribunais estariam vazios. Antes se referia ao pecado específico da mulher, que poderia ser cometido tanto com o corpo quanto com o coração (Mt 5:27-30).

Condenados pela própria consciência os acusadores saíram de cena em silêncio, deixando Jesus a sós com a mulher. Ele a perdoou e advertiu a que não pecasse mais (Jo 5:14).

Não se deve interpretar esse acontecimento como um exemplo de que Jesus não tratava o pecado com rigor ou de que desrespeitava a Lei. A fim de perdoar essa mulher, um dia Jesus teve de morrer por seus pecados. Além disso, Jesus cumpriu a Lei com tanto zelo que ninguém pôde acusá-lo justificadamente de opor-se a seus ensina- mentos nem de menosprezar seu poder.

Ao aplicar a Lei à mulher e não a si mesmos, os líderes judeus transgrediam tanto a letra quanto o espírito da Lei - e pensavam estar defendendo Moisés ! A Lei foi dada para revelar o pecado (Rm 3:20), e é preciso ser condenado pela Lei antes de ser purificado pela graça de Deus.

 A Lei e a graça são complementares, não concorrentes. Ninguém jamais foi salvo por guardar a Lei, mas ninguém foi salvo pela graça sem que antes tivesse sido convencido de seus pecados pela Lei. Antes de haver conversão, é preciso haver convicção da culpa. O perdão de Cristo em sua graça também não é uma desculpa para pecar.

Sua ordem foi: "Vai e não peques mais". "Contigo, porém, está o perdão, para que te temam" (SI 130:4).

Essa experiência do perdão repleto de graça deve servir de motivação para o pecador penitente viver em santidade e em obediência para a glória de Deus.

 

Naquele que perdoou todos os nossos pecados; Cristo Jesus.

Kleber Santos

 

Comentário Bíblico Expositivo

Novo Testamento Volume I

WARREN W. WIERSBE

Editora Geográfica

sábado, 14 de setembro de 2013

O que é a "liberdade no Espírito"?

 
 
Um dos argumentos mais usados para se justificar coisas estranhas que acontecem nos cultos evangélicos neopentecostais é a declaração de Paulo em 2Coríntios 3:17:

Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.

O raciocínio vai mais ou menos assim: quando o Espírito de Deus está agindo num culto, Ele impele os adoradores a fazerem coisas que aos homens podem parecer estranhas, mas que são coisas do Espírito. Se há um mover do Espírito no culto, as pessoas têm liberdade para fazer o que sentirem vontade, já que estão sendo movidas por Ele, não importa quão estranhas estas coisas possam parecer. E não se deve questionar estas coisas, mesmo sendo diferentes e estranhas. Não há regras, não há limites, somente liberdade quando o Espírito se move no culto.

Assim, um culto onde as coisas ocorrem normalmente, onde as pessoas não saltam, não pulam, não dançam, não tremem e nem caem no chão, este é um culto frio, amarrado, sem vida. O argumento prossegue mais ou menos assim: o Espírito é soberano e livre, Ele se move como o vento, de forma misteriosa. Não devemos questionar o mover do Espírito, quando Ele nos impele a dançar, pular, saltar, cair, tremer, durante o culto. Tudo é válido se o Espírito está presente.

Bom, tem algumas coisas nestes argumentos com as quais concordo. De fato, o Espírito de Deus é soberano. Ele não costuma pedir nossa permissão para fazer as coisas que deseja fazer. Também é fato que Ele está presente quando o povo de Deus se reúne para servir a Deus em verdade. Concordo também que no passado, quando o Espírito de Deus agiu em determinadas situações, a princípio tudo parecia estranho. Por exemplo, quando Ele guiou Pedro a ir à casa do pagão Cornélio (Atos 10 e 11). Pedro deve ter estranhado bastante aquela visão do lençol, mas acabou obedecendo. Ao final, percebeu-se que a estranheza de Pedro se devia ao fato que ele não havia entendido as Escrituras, que os gentios também seriam aceitos na Igreja.

Mas, por outro lado, esse raciocínio tem vários pontos fracos, vulneráveis e indefensáveis. A começar pelo fato de que esta passagem, "onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2Cor 3:17) não tem absolutamente nada a ver com o culto. Paulo disse estas palavras se referindo à leitura do Antigo Testamento. Os judeus não conseguiam enxergar a Cristo no Antigo Testamento quando o liam aos sábados nas sinagogas pois o véu de Moisés estava sobre o coração e a mente deles (veja versículos 14-15). Estavam cegos. Quando porém um deles se convertia ao Senhor Jesus, o véu era retirado. Ele agora podia ler o Antigo Testamento sem o véu, em plena liberdade, livre dos impedimentos legalistas. Seu coração e sua mente agora estavam livres para ver a Cristo onde antes nada percebiam. É desta liberdade que Paulo está falando. É o Senhor, que é o Espírito, que abre os olhos da mente e do coração para que possamos entender as Escrituras.

A passagem, portanto, não tem absolutamente nada a ver com liberdade para fazermos o que sentirmos vontade no culto a Deus, em nome de um mover do Espírito.

E este, aliás, é outro ponto fraco do argumento, pensar que liberdade do Espírito é ausência de normas, regras e princípios. Para alguns, quanto mais estranho, diferente e inusitado, mais espiritual! Mas, não creio que é isto que a Bíblia ensina. Ela nos diz que o fruto do Espírito é domínio próprio (Gálatas 5:22-23). Ela ensina que o Espírito nos dá bom senso, equilíbrio e sabedoria (Isaías 11:2), sim, pois Ele é o Espírito de moderação (2Tim 1:7).

Além do uso errado da passagem, o argumento também parte do pressuposto que o Espírito de Deus age de maneira independente da Palavra que Ele mesmo inspirou e trouxe à existência, que é a Bíblia. O que eu quero dizer é que o Espírito não contradiz o que Ele já nos revelou em sua Palavra. Nela encontramos os elementos e as diretrizes do culto que agrada a Deus.
Liberdade no Espírito não significa liberdade para inventarmos maneiras novas de cultuá-lo. Sem dúvida, temos espaço para contextualizar as circunstâncias do culto, mas não para inventar elementos. Seria uma contradição do Espírito levar seu povo a adorar a Deus de forma contrária à Palavra que Ele mesmo inspirou.

Um culto espiritual é aquele onde a Palavra é pregada com fidelidade, onde os cânticos refletem as verdades da Bíblia e são entoados de coração, onde as orações são feitas em nome de Jesus por aquelas coisas lícitas que a Bíblia nos ensina a pedir, onde a Ceia e o batismo são celebrados de maneira digna. Um culto espiritual combina fervor com entendimento, alegria com solenidade, sentimento com racionalidade. Não vejo qualquer conexão na Bíblia entre o mover do Espírito e piruetas, coreografia, danças, gestos. A verdadeira liberdade do Espírito é aquela liberdade da escravidão da lei, do pecado, da condenação e da culpa. Quem quiser pular de alegria por isto, pule. Mas não me chame de frio, formal, engessado pelo fato de que manifesto a minha alegria simplesmente fechando meus olhos e agradecendo silenciosamente a Deus por ter tido misericórdia deste pecador.
 
Fonte:tempora-mores.blogspot.com.br
Naquele que tem o controle de nossas vidas!
Kleber Santos....