O PODER DO NOME DE JESUS CRISTO
"ATOS
3:1-
4:4"
Atos 3 e 4 enfatizam o nome do Senhor Jesus (At 3:6,
16; 4:7, 10, 12, 17, 18, 30). É evidente que um nome envolve muito mais do que
uma forma de identificação. Pode implicar autoridade, reputação e poder. Quando
alguém diz: "Use meu nome!", esperamos sinceramente que seja digno de
ser usado. Se uma ordem é dada no nome do presidente da República ou do
primeiro-ministro, os que a recebem são obrigados a obedecer.
Se eu tentasse dar ordens no lugar dessas autoridades
(supondo que conseguisse fazer isso), ninguém prestaria muita atenção, pois meu
nome não tem o respaldo de qualquer autoridade oficial. Mas o nome do Senhor
Jesus tem toda autoridade, pois ele é o Filho de Deus (Mt 28:18).
Uma vez que seu nome "está acima de todo
nome" (Fp 2:9-11), Jesus merece nossa adoração e obediência. A grande preocupação
dos primeiros cristãos era que o nome de Jesus Cristo, o Filho de Deus, fosse
glorificado, e os cristãos de hoje devem ter a mesma motivação. Ao estudar esta
seção, convém observar que ela apresenta forte ênfase sobre os judeus.
Pedro dirigiu-se aos homens judeus (At 3:12) e os
chamou de "filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com
vossos pais" (At 3:25). Fez referência aos patriarcas de Israel (At 3:13)
e também aos profetas (At 3:18,21-25).
A expressão "tempos da restauração" (At
3:21) é, sem dúvida alguma, de caráter judaico e se refere ao rei- no
messiânico prometido pelos profetas. Nestes capítulos, a mensagem continua sendo
transmitida "primeiramente a vós outros [os judeus]" (At 3:26) e
apresentada em termos judaicos. Há três estágios neste evento, e cada estágio
revela algo maravilhoso sobre Jesus Cristo.
1.
ADMIRAÇÃO:
JESUS, O MÉDICO (AT.3:1-10)
Os cristãos ainda estavam ligados ao templo
e às horas tradicionais de oração (SI 55:17; Dn 6:10; At 10:30). É importante
lembrar que Atos 1 a 10 descreve uma transição de Israel para os gentios, do
"cristianismo judaico" (ver At 21:20) para "um só corpo"
constituído tanto de judeus quanto de gentios.
Só depois de vários anos os cristãos judeus
compreenderam inteiramente o lugar dos gentios nos planos de Deus, e essa
compreensão não se deu sem conflitos.
O contraste entre Atos 2 e 3 é interessante: Pedro, o
pregador - Pedro o obreiro pessoal; multidões - um homem pobre; ministério que
resultou em bênção - ministério que resultou em prisão e perseguição. Os
acontecimentos em Atos 3 exemplificam a última frase de Atos 2:47 e mostram como
o Senhor acrescentava membros a sua Igreja diariamente.
Apesar de o Espírito Santo não ser citado nesse
capítulo, certamente atuava por meio dos apóstolos, realizando seu ministério
de glorificação de Jesus Cristo (Jo 16:14). Pedro e João são vistos juntos com
frequência ao longo das Escrituras.
Eram sócios no
negócio de pesca (Lc 5:10); prepararam a última Páscoa dos judeus para Jesus
(Lc 22:8); correram para o sepulcro na manhã do primeiro domingo de Páscoa (Jo
20:3, 4); e ministraram aos samaritanos que creram em Jesus Cristo (At 8:14).
Uma vez que viviam na plenitude do Espírito Santo, os discípulos deixaram de
competir por grandeza e, finalmente, passaram a trabalhar juntos com afinco
para edificar a Igreja (SI 133).
O fato de Pedro notar esse mendigo coxo é outra
evidência do ministério do Espírito. Sem dúvida, milhares de pessoas
encontravam-se aglomeradas perto do templo (At 4:4) e, no meio dessa multidão,
havia ATOS 3:1 - 4:4 Inúmeros mendigos, mas o Senhor ordenou a Pedro que
curasse um mendigo coxo que se encontrava junto à Porta Formosa.
Havia nove portas que davam acesso ao pátio dos
gentios e ao templo propriamente dito. Os estudiosos não apresentam um
consenso, mas é provável que a Porta Formosa fosse a "Porta Oriental"
que dava acesso ao pátio das mulheres. A porta era feita de bronze de Corinto e
parecia de ouro; sem dúvida, um excelente lugar para um homem coxo pedir
esmolas.
A prática de dar esmolas era parte importante da fé
judaica, e as cercanias do templo eram uma região lucrativa para os mendigos.
Uma vez que os recursos dos cristãos eram comunitários (At 2:44, 45), os dois
apóstolos não tinham dinheiro para dar; mas a maior necessidade daquele homem
não era financeira.
Precisava de salvação para sua alma e de cura para o
corpo, e dinheiro não lhe daria nem uma coisa nem outra. Pelo poder do nome de Jesus,
o mendigo foi completamente curado e ficou tão contente e entusiasmado que
parecia uma criança, saltando de um lado para o outro e louvando a Deus.
É fácil ver nesse homem uma ilustração da salvação.
Ele nasceu coxo; todos nós nascemos sem poder andar de maneira agradável a
Deus. Adão, nosso antepassado, caiu e passou sua deficiência adiante para todos
os seus descendentes (Rm 5:12- 21).
O homem era
pobre; como pecadores, estamos falidos diante de Deus, incapazes de pagar a
dívida tremenda que temos com ele (Lc 7:36-50). Estava "fora do
templo"; por mais perto da porta que fiquem, todos os pecadores
encontram-se longe de Deus. a homem foi curado totalmente pela graça de Deus.
Sua cura foi imediata (Ef 2:8, 9).
Deu provas do que Deus havia feito: de um salto se pôs
em pé, passou a andar [...] saltando e louvando a Deus" (At 3:8).
Identificou-se publicamente com os apóstolos, tanto quando foram ao templo (At
3:11) quanto na ocasião em que foram presos (At 4:14). Ao ser capaz de andar,
não deixou dúvidas sobre de que lado estava!
2.
ACUSAÇÃO:
JESUS, O filho DE DEUS (AT 3:11-16)
A cura do mendigo coxo fez a multidão ajuntar-se ao
redor dos três. O Pórtico de Salomão, do lado leste do templo, era um corredor
onde Jesus havia ministrado ( jo 10:23) e onde a igreja reunia-se para adorar
(At 5:12). Em seu sermão de Pentecostes, Pedro refutara a acusação de que os
cristãos estivessem embriagados.
Neste sermão, teve de refutar a ideia de que ele e
João haviam curado o homem com o próprio poder (Paulo e Barnabé enfrentaram uma
situação semelhante depois de curarem um coxo; ver Atos 14:8-18). Pedro
esclareceu de imediato a fonte do milagre: Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Com toda sabedoria, o apóstolo afirmou que Aquele era
o Deus de seus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. Sem dúvida, o
Espírito encheu Pedro de ousadia de modo que ele lembrasse os judeus da forma
como haviam tratado Jesus. Eles o haviam negado e entregado para ser crucificado.
Além disso, pediram que Barrabás, um homem culpado,
fosse solto para que Jesus, um prisioneiro inocente, fosse crucificado! A fim
de convencê-los de seus crimes, Pedro usou vários nomes e títulos diferentes
para o Senhor: Filho de Deus, Jesus, o Santo, o Justo, o Autor da vida. Os
judeus não haviam entregue um homem qualquer para ser crucificado pelos
romanos! O Calvário pode ter sido a última palavra do ser humano, mas o
sepulcro vazio foi a última palavra de Deus. Ele glorificou seu Filho ressuscitando-o
dentre os mortos e levando-o de volta ao céu.
O Cristo entronizado havia enviado seu Espírito Santo
e operava no mundo por meio da Igreja. O mendigo curado era prova de que Jesus
estava vivo. Se havia um povo culpado, era aquele ao qual Pedro se dirigiu no
templo. Eram culpados de matar o próprio Messias! Hoje em dia, é bem provável
que ninguém fizesse uma mensagem desse tipo em uma reunião evangelística, pois
essas palavras eram voltadas especificamente ao público judeu de Pedro.
Assim como em Pentecostes, Pedro falava a pessoas que
ATOS 3:1 - 4:4 conheciam as Escrituras e que estavam a par dos últimos
acontecimentos em Jerusalém (ver Lc 24:18). Não era um grupo de pagãos
ignorantes sem qualquer conhecimento religioso.
Além disso, os líderes judeus haviam, de fato,
cometido uma grande injustiça ao prender e condenar Jesus e pedir a Pilatos que
o crucificasse. Não sabemos quantos cidadãos concordaram com essa decisão, mas
podemos imaginar o remorso do povo ao descobrir que haviam traído e assassina-
do o próprio Messias. Antes de o pecador experimentar a conversão, precisa ser
convencido da culpa de seus pecados.
A menos que um paciente esteja convencido de que está
enfermo, jamais aceitará qualquer diagnóstico nem fará qualquer tratamento. Pedro
transformou o templo em um tribunal e apresentou ao público todas as provas. De
que maneira dois simples pescadores poderiam realizar tamanho milagre senão
pelo poder de Deus? Ninguém ousaria negar o milagre, pois o mendigo estava lá,
diante de todos, em "saúde perfeita" (At 3:16; 4:14). Se aceitassem o
milagre, teriam de reconhecer que Jesus Cristo é, verdadeiramente, o Filho de
Deus e que seu nome tem poder.
Naquele que tem todo poder...
Em Cristo Jesus
Kleber Santos
Comentário Bíblico
Expositivo -
Novo Testamento Volume I -
WARREN W. WIERSBE
Editora Geográfica
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