Ministro,
bênção ou maldição
Referência:
Malaquias 2.1-9
INTRODUÇÃO
1. A
obediência produz bênção, enquanto a desobediência acarreta maldição – Dt
28:2,15
A
desobediência de Israel foi a causa do exílio na Babilônia (Dt 28:64-67). Com a
volta do cativeiro, a monarquia não é mais restaurada. Israel deixa de ser uma
nação política e se torna um rebanho religioso. Nesse contexto, o sacerdote é a
figura principal. Ele também exercia o ministério docente e profético (Ne
8:1-8).
Agora,
Deus está advertindo novamente sobre a maldição. Estava sendo provocada pelos
sacerdotes (2:2). Ela veio e Israel ficou mais 400 anos sem voz profética,
mergulhado em profundas angústias. A ausência de profetas foi um duro golpe em
Israel e se tornou um marco histórico dolorido, uma verdadeira calamidade.
2. A
liderança espiritual nunca é neutra, ela é uma bênção ou uma maldição
O desvio
do povo começou na sua liderança. Primeiro os sacerdotes se corromperam,
desprezando o nome de Deus, depois o povo começou a trazer animais cegos,
coxos, doentes, dilacerados para Deus.
Quando os
líderes não honram a Deus, o povo se desvia. O profeta Oséias já alertara em
nome de Deus: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o
conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento…” (Os 4:6).
I. AS
BÊNÇÃOS MINISTERIAIS TRANSFORMADAS EM MALDIÇÃO – v. 1-4
1. A
natureza da maldição sobre as bênçãos
a) A
maldição cai sobre os próprios ministros (v. 2) – “…enviarei sobre vós a maldição”. Isto é o reverso da promessa
original para a obediência: “eu enviarei minha bênção sobre ti”.
b) A
maldição cai sobre as próprias bênçãos dadas pelos ministros (v. 2) – “…e amaldiçoarei as vossas bênçãos”. Deus não
diz: eu vou enviar a maldição em vez de bênção. Ele diz: eu vou amaldiçoar
as vossas próprias bênçãos. Quando os sacerdotes levantavam as mãos para
abençoar (Nm 6:24-26), em vez de receber bênção, o povo recebia maldição.
2. A
razão da maldição sobre as bênçãos
a) Porque
os ministros negligenciaram a Palavra de Deus (v. 2) – “Se o não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração…”. Esse
oráculo foi endereçado especificamente aos líderes (2:1). A palavra hebraica
miswa indica que não se pode recorrer do castigo que será pronunciado. Deus
está enviando uma sentença irrecorrível, porque os pregadores relaxaram em
instruir o seu povo na Palavra. Os homens que deviam ensinar a Palavra de Deus
não estavam fazendo isso adequadamente. Hoje, há igrejas cujos pastores são
desencorajados a estudar, por acharem que isso é carnalidade. Devem abrir a
Bíblia ao acaso e o que saltar aos olhos do pregador é o que se deve pregar.
Depois, ainda dizem: “Foi o Senhor que mandou”. Os pecados do líder são os
mestres do pecado. Se ele despreza a Palavra de Deus, é instrumento de maldição
e morte e não de bênção e vida.
b) Porque
os ministros desprezaram o nome de Deus (v. 2) – “… se não propuserdes dar honra ao meu nome”. Honrar significa “dar
peso, mostrar atenção, considerar como importante”. O nome de Deus estava sendo
desonrado pela vida dos ministros, pelas ofertas trazidas à sua casa, pela
falta de fervor espiritual do povo. Quem não vive para a glória de Deus, vive
de forma vã. Os pregadores não apenas negligenciaram a Palavra, mas também não
a colocaram em prática.
3. As
implicações da maldição sobre as bênçãos
a) Uma
descendência reprovada (v. 3) – “Eis que
vos reprovarei a descendência…”. A palavra descendência no hebraico é
semente. Assim, essa expressão foi interpretada de duas maneiras: 1) Pode ser
que as colheitas serão fracas – fazendo os dízimos e ofertas diminuírem. Corta
o sustento dos sacerdotes; 2) Pode significar a posteridade – Uma diminuição
contínua de pessoas e colheitas era o julgamento de Deus.
b) Uma
liderança desonrada (v. 3) – “… atirarei
excremento aos vossos rostos, excremento dos vossos sacrifícios”. Como eles
trouxeram o pior para Deus, agora eles recebem o pior de Deus. Como eles
afrontaram a Deus, agora são desonrados por Deus. Jogar algo no rosto de uma
pessoa era uma ofensa muito grave. Deus envergonha publicamente os sacerdotes.
c) Uma
liderança rejeitada (v. 3) – “… e para
junto deste sereis levados”. O excremento dos sacrifícios devia ser levado
para fora do arraial e queimado (Ex 29:14; Lv 4:11). Para Deus os que ofereciam
sacrifícios sem valor eram tão revoltantes que eles e seus sacrifícios deveriam
acabar no depósito de esterco, longe da presença de Deus. Os sacerdotes seriam
tirados do templo e seriam lançados numa montanha de excremento. Os sacerdotes
seriam depostos. Eles não continuariam no ministério. Eles seriam rejeitados
por Deus. Exemplo: Belsazar.
d) Uma
liderança que só atenta para Deus quando é tarde demais (v. 4) – “Então
sabereis que eu vos enviei este mandamento…”. Muitos ministros, muitos líderes
vão continuar desonrando a Deus, desprezando a Palavra de Deus até serem
apanhados e envergonhados em público.
II. A
BÊNÇÃO DE SER UM VERDADEIRO MINISTRO – v. 5-7
1. Um
verdadeiro ministro mantém um profundo relacionamento com Deus – v. 5,6
“…com
efeito ele me temeu, e tremeu por causa do meu nome… andou comigo em paz e em
retidão”.
Andar com
Deus é mais importante do que trabalhar para Deus. Deus é mais importante que a
sua obra. Jesus chamou os doze apóstolos para estarem com ele, só, então, os
enviou a pregar.
Deus está
mais interessado em quem nós somos do que no que nós fazemos. Ele não quer
ativismo vazio, ele quer vida no altar.
2. Um
verdadeiro ministro é incorruptível na doutrina – v. 6
“A
verdadeira instrução esteve em sua boca”.
Há uma
profunda conexão entre o que o homem fala e o que homem é (Sl 15:2; Pv 18:4; Mt
12:33-37; Lc 6:45. Tg 1:26; 3:1-12).
Um
ministro que sonega a Palavra de Deus ao povo, que torce a Palavra de Deus e
diz ao povo o que Deus não está dizendo, é um falso ministro, um falso profeta.
Hoje
estamos vendo a igreja evangélica em profunda crise. Há desvios sérios: 1)
Liberalismo; 2) Sincretismo; 3) Pragmatismo; 4) Ortodoxia morta.
O
apóstolo diz: “… No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e
irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado não tendo indignidade
nenhuma que dizer a nosso respeito” (Tt 2:7,8).
3. Um
verdadeiro ministro é estudioso e proclamador da Palavra de Deus – v. 7
“Porque
os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os
homens procurar a instrução, porque é mensageiro do Senhor dos Exércitos”.
Há muitos
ministros preguiçosos, que não estudam a Palavra. Dão palha, em vez de pão ao
rebanho. Alimentam o povo de Deus com o refugo das ideias humanas, em vez de
apresentar-lhes o banquete rico das iguarias de Deus.
Outros
ministros perderam a paixão pela proclamação da Palavra de Deus. Precisamos
resgatar o entusiasmo pela pregação da Palavra de Deus. Somos mensageiros de
Deus! A única forma de vermos uma nova reforma na Igreja é uma volta à Palavra,
a pregação fiel da Palavra!
4. Um
verdadeiro ministro é um ganhador de almas – v. 6
“… e da
iniquidade apartou a muitos”. O verdadeiro ministro é bem-sucedido em seu
trabalho. A Bíblia diz que um planta, outro rega. A uns Deus usa para
evangelizar; a outros Deus usa para edificar os salvos.
Precisamos
reacender em nosso coração a paixão pela evangelização. A igreja não vive para
si mesma. A igreja evangeliza ou morre. Uma igreja que não evangeliza não pode ser
evangélica. A igreja é uma agência missionária ou um campo missionário.
Há uma
recompensa para os ganhadores de alma: “… os que a muitos conduzirem à justiça,
resplandecerão como as estrelas sempre e eternamente” (Dn 12:3).
III. A
MALDIÇÃO DE SER UM FALSO MINISTRO – v. 8-9
1. Um
falso ministro não anda com Deus em fidelidade – v. 8,9
“Mas vós
vos tendes desviado do caminho [...] violastes a aliança de Levi [...] visto
que não guardastes os meus caminhos”.
Há um
declínio vocacional. O fracasso tinha seu início na vida pessoal dos
sacerdotes. Tinham vidas indignas e ensinos errados. Sua vida não é pautada
pela verdade. Sua conduta é incompatível com o seu ministério. Sua vida reprova
o seu trabalho. Há um abismo entre o que ele se propõe a fazer e o que ele
vive.
Estamos
vivendo uma crise moral na liderança evangélica brasileira: pastores caindo em
adultério, pastores abandonando a sã doutrina, escândalos de toda sorte
irrompendo dentro das igrejas.
2. Um
falso ministro perverte o ensino da Palavra de Deus – v. 8
“Violastes
a aliança de Levi… E por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos”.
Os
sacerdotes tentaram obter popularidade mudando a lei de Deus. Eles bandearam
para o pragmatismo. A teologia está errada e a vida está errada. Quando os
ministros deixam de lado a sã doutrina, a vida deles se corrompe. A impiedade
leva à perversão. A heresia sempre desemboca em imoralidade.
Oh!
quantos desvios doutrinários hoje! Quantos abusos contra a santa Palavra de
Deus. O povo de Deus está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento. Há
lobos travestidos de pastores. Muitos hoje estão vendendo a graça de Deus. A
igreja passou a ser uma empresa particular, o evangelho um produto, o púlpito
um balcão, os crentes consumidores.
Há morte
na panela nos seminários, nos púlpitos, nos livros, nas músicas.
3. Um
falso ministro é pernicioso em seu ensino e exemplo – v. 8
“… e por
vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos”.
Os
sacerdotes não somente falharam em ensinar o povo a guardar a lei, mas eles
ensinaram o povo, pelo mau exemplo, a desobedecer a lei.
Em vez de
andar na luz, anunciar a verdade, os falsos ministros torcem a Palavra de Deus,
ensinam o erro, e desviam as pessoas de Deus, em vez de levá-las ao
conhecimento de Cristo.
Em vez de
serem ministros da reconciliação, são pedra de tropeço. Em vez de bênção, são
maldição.
Jesus
denunciou os fariseus pelo seu proselitismo apóstata (Mt 23:13-15). Não podemos
separar mensagem de vida.
4. Um
falso ministro é parcial na aplicação da lei – v. 9
“… e vos
mostrastes parciais no aplicardes a lei”.
A igreja
não pode advertir uns e cortejar outros. Os sacerdotes, às vezes, exerciam
funções judiciais (Dt 17:9-11). Os juízes não deviam demonstrar parcialidade
com ricos nem com pobres (Lv 19:15).
Um falso
ministro não é regido pela verdade, mas pela conveniência. Ele nunca busca
honrar a Deus, mas ganhar o aplauso dos homens. Ele não visa a glória de Deus,
mas o lucro. Ele tem dois pesos e duas medidas. Ele favorece uns e penaliza
outros. Sua consciência não é cativa da verdade.
A Bíblia
nos exorta a não fazermos acepção de pessoas.
5. Um
falso ministro será desacreditado em público – v. 9
“Por isso
também eu vos fiz desprezíveis e indignos diante de todo o povo…”.
Deus não
honra aqueles que não o honram. Aqueles que são líderes terão um julgamento
mais severo. O líder será apanhado pelas próprias cordas do seu pecado. Quem
zomba do pecado é louco.
Os falsos
ministros serão expostos ao vexame, ao opróbrio público e serão banidos do
ministério.
CONCLUSÃO
1. O
perigo da liderança violar a aliança do Senhor
Os
sacerdotes violaram a aliança do sacerdócio por três razões: Primeiro,
desobediência à Palavra de Deus; segundo, corrupção no ensino da Palavra de
Deus; terceiro, parcialidade no aplicar a Palavra de Deus.
Os
sacerdotes cometeram dois graves erros: Primeiro, deixaram de andar com Deus;
segundo, quiseram lisonjear os homens.
Os
sacerdotes não podem pecar sozinhos nem cair sozinhos. Eles sempre arrastam
outros consigo.
Se uma
pessoa se recusa a ser ensinada pelo preceito, será ensinada pelo julgamento
(v. 3,4).
Opróbrio
público é o destino de todo líder infiel.
2. A
oportunidade da liderança ser uma bênção nas mãos do Senhor
Se nós
esperamos de Deus bênçãos, devemos dar a ele obediência (v. 5).
Um
verdadeiro ministro usualmente terá a alegria de levar outros a Cristo (v.
6,7).
Escrito por: Hernandes D.L.
Em Cristo Jesus
Kleber Santos
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